sexta-feira, 25 de abril de 2025

A paz esteja com vocês!

ABRIR AS PORTAS

(Oitava da Páscoa | 27.04.2025)

 

O Evangelho de João descreve com traços sombrios a situação da comunidade cristã quando Cristo ressuscitado está ausente do seu centro. Sem a presença viva de Jesus Cristo, a Igreja torna-se um grupo de homens e mulheres que vivem numa casa de portas fechadas, por medo dos judeus de tudo e de todos.

Com as «portas fechadas» não é possível ouvir o que se passa lá fora. Não é possível captar a ação do Espírito no mundo. Não se abrem espaços de encontro e diálogo com ninguém. A confiança no ser humano extingue-se, e crescem os receios e preconceitos. Uma Igreja sem capacidade de dialogar é uma tragédia, porque nós, seguidores de Jesus, estamos chamados a atualizar hoje o diálogo eterno de Deus com o ser humano.

O medo pode paralisar a evangelização e bloquear as nossas melhores energias. O medo leva-nos a rejeitar e a condenar. Com medo não é possível amar o mundo. Mas, se não o amamos, não o estamos olhando o mundo como Deus o olha. E se não o olharmos com os olhos de Deus, como comunicaremos a sua Boa Nova?

Se vivemos de portas fechadas, quem sairá do redil para procurar as ovelhas perdidas? Quem se atreverá a tocar em algum leproso excluído? Quem se sentará à mesa com pecadores ou prostitutas? Quem se aproximará daqueles esquecidos pela religião? Aqueles que querem procurar o Deus de Jesus nos encontrarão de portas fechadas.

A nossa primeira tarefa é deixar Jesus Cristo, Crucificado e Ressuscitado, entrar através de tantas barreiras que erguemos para defender-nos do medo. Que Jesus ocupe o centro das nossas igrejas, grupos e comunidades. Que só Ele seja fonte de vida, de alegria e de paz. Que ninguém ocupe o seu lugar. Que ninguém se aproprie da sua mensagem. Que ninguém imponha um estilo de vida e organização diferente do seu.

Como Igreja, já não temos o poder de outros tempos. Sentimos a hostilidade e a rejeição à nossa volta. Somos frágeis. Mais do que nunca, precisamos abrir-nos ao sopro do Ressuscitado para acolher o seu Espírito Santo.

José Antônio Pagola

Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez

Nenhum comentário:

Postar um comentário