Jesus diz que
deseja celebrar sua páscoa em nossa casa | 684 | 16.04.2025 | Mateus 26,14-25
No evangelho
segundo Mateus, do qual é extraída a cena de hoje, a ceia de despedida de Jesus
é precedida pelo anúncio da traição de Judas. O fato é também narrado por João,
mas com nuances bastante diferentes, e depois da ceia. Em todos os casos, ao
celebrar a ceia pascal e assinar com ela seu testamento, Jesus se mostra consciente
das traições que o cercam.
É importante
notar que Jesus pede que a ceia seja celebrada numa casa, no ambiente “profano”
e íntimo das pessoas que compartilham o sangue e o destino. É neste ambiente de
intimidade e memória do evento fundador do povo de Deus, neste acontecimento da
aliança nova e eterna de Deus com a humanidade, que a traição se desenvolve.
Por isso, a ação de Judas é também uma traição do espírito da comunidade e da
ceia eucarística.
Mateus nos relata
um fato estranho: é Judas, um dos Doze, que procura a elite religiosa do templo
para entregar Jesus a eles. Os dirigentes não precisavam dessa ajuda, pois
sabiam muito bem quem era ele e por onde ele andava. A ação de Judas contrasta
com a atitude de gratidão de uma mulher na casa do leproso que fora curado por
Jesus, um pouco antes: enquanto Judas entrega Jesus, a mulher o acolhe.
Judas acerta com
os sacerdotes, pelo seu “serviço sujo”, o equivalente a um mês de trabalho de
um pastor, ou igual à indenização que deveria ser paga por um escravo ferido
por um boi. Na verdade, a iniciativa estranha de Judas revela uma tendência
geral de desistência, negação, traição e ruptura com Jesus e seu Evangelho. Mas
isso não muda a decisão de Jesus, e ele se mostra consciente daquilo que estava
ocorrendo.
Jesus
fala que um dos Doze haveria de traí-lo, todos ficam aflitos e perguntam se
casualmente seriam eles, esperando uma resposta negativa. Então o foco da cena
faz convergir a nossa atenção para a figura de Judas, que faz a mesma pergunta
e também espera uma resposta negativa, como que para encobrir ou disfarçar
aquilo que o aproximava dos hipócritas que controlavam a religião e o templo. E
ele não chama Jesus de Senhor, mas de mestre, desobedecendo a proibição
explícita de Jesus.
Meditação:
§ Leia atentamente a narração de Mateus, e
perceba o clima de tensão e as contradições que envolvem todos os discípulos
§ É possível perceber, por traz da traição, a
ruptura de Judas com Jesus e sua proposta de comunhão do reino de Deus?
§ Será que a tentação de resistir, desistir,
amaciar ou desviar do evangelho do diálogo e da acolhida não está nos rondando?
§ O que significa lembrar que a traição acontece
na mesa da eucaristia e envolve os mais próximos de Jesus?
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