A vontade de Deus
Pai é que nenhum filho seu se perca | 705 | 07.05.2025 | João
6,35-40
Na
terceira parte da catequese sobre o verdadeiro pão, Jesus convida enfaticamente
à fé, a reconhecer que ele – o galileu, o carpinteiro, o filho de José e de
Maria – é o enviado de Deus, o pão vivo e verdadeiro que desceu do céu. E pede
aos seus interlocutores uma confiança fundamental nele e no seu Evangelho.
Trata-se de crer que Deus está nele e age nele.
Mas
essa adesão a Jesus não é um ato voluntarista, ritual ou idílico. É uma decisão
que tem uma base, um fundamento e um dinamismo: a vontade do Pai, e essa
vontade é que nenhum filho seu se perca, que ninguém perca as condições
materiais para viver, nem o sentido da vida. A vontade do Pai é clara: que toda
pessoa que vê o Filho e nele crê tenha vida eterna. É para tornar isso possível
e palpável que o Filho “desceu”.
Jesus
é doador e fonte de vida, não um limitador da vida ou um juiz pronto a
identificar e punir culpados. Ele é o pão da vida, e quem vai a ele não terá
outra fome. Mas é preciso ir ao encontro dele, aceitar seu caminho, entender a
convocação que se esconde em cada sinal que ele realiza. Porém, Jesus constata
um pouco desolado: “Vós me vistes, mas não acreditais...”
Jesus
afirma com clareza que não afasta nem trata com descaso ou dureza aqueles que o
Pai confia a ele e o procuram, aqueles que decidem percorrer seu caminho e fazer
parte do seu povo. Estes não perderão nada, nem se perderão; ao contrário,
ganharão tudo. Jesus promete que ressuscitará estes seguidores “no último dia”,
ou seja: no sétimo dia da criação, o ápice da criação saída do coração de Deus.
A expressão “no último dia” é também uma referência à
sexta-feira, ao dia da doação total e radical de Jesus na cruz, que ele abraça
livremente. É do alto da cruz, em meio a outras vítimas com as quais se
solidariza, que Jesus revela até onde vai o amor do Pai, perdoa os seus
próprios assassinos e, por isso, pode declarar: “Tudo está consumado!” Ele é a
criação consumada, madura e libertada, o doador da vida no qual todos
renascemos. É em gestos semelhantes a esse que nos tornamos semelhantes a Deus
Sugestões para meditar
§ Releia
atentamente essa dura e exigente “catequese” de Jesus, evitando concluir sem
mais que ele fala simplesmente da eucaristia
§ Será
que não estamos entre aqueles que viram, mas não acreditam, que não permitem
que Jesus e seu Evangelho guie suas opções?
§ Será
que não corremos o risco de evitar o renascimento no amor incondicional e sem
medidas, e transformamos o “último dia” na última coisa que seríamos capazes de
aceitar?
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