A crítica sem
autocrítica pode se tornar hipocrisia | 752 | 23.06.2025 | Mateus
7,1-5
Continuamos na primeira etapa de
formação que Jesus oferece a seus discípulos missionários. Ele é realista, e
sabe que somos comunidades de homens e mulheres imperfeitos, de pessoas que
ainda têm muito caminho pela frente. Quando Jesus nos pede que sejamos
perfeitos como o Pai é perfeito, na verdade está pedindo que nos empenhemos e
perseveremos no caminho de crescimento, e não propriamente uma perfeição. Hoje
ele ilustra o que significa ter coração puro.
Como gente que escolheu Jesus como
mestre da vida, precisamos discernir o que fazer e desenvolver relações e
práticas coerentes com a novidade do Reino de Deus, tanto no âmbito social como
no interior da comunidade. Partindo da convicção de que todos somos pecadores e
limitados, precisamos conjugar a correção das faltas dos irmãos e irmãs com uma
serena e profunda capacidade de autocrítica. A crítica sem autocrítica, sem o
cultivo de um olhar e um coração puros, pode virar hipocrisia e descambar para
a intolerância e a exclusão.
Jesus não diz que devemos nos omitir
diante das faltas que marcam a vida comunitária, mas pede que nosso olhar sobre
os outros seja correto. Precisamos equilibrar nossos juízos, evitando
criminalizar os outros para declarar-nos inocentes. E não podemos cair na
tentação de ocupar o lugar de Deus, a quem compete o julgamento final. Privar
os outros de misericórdia é impedir a misericórdia de Deus conosco mesmos. A
balança ou a trena com que medimos os outros serão aplicadas também a nós.
Com o exemplo do
cisco no olho do irmão e da trave no nosso próprio olhar, Jesus oferece um
critério fundamental: julgar e condenar os outros sem autocrítica é ridículo e
hipócrita, e isso é inaceitável para um discípulo missionário. Na revisão de
vida, o “eu” vem antes que o “tu” e o “eles”. Se invertemos a prioridade,
deixaremos de ser comunidades alternativas, capazes de fecundar a história com
a novidade do Reino de Deus, com sementes de justiça, de acolhida e de
fraternidade.
Sugestões para a meditação
§ Deixe ressoar em você cada palavra e
cada frase dessa lição sobre a correção fraterna na comunidade familiar e
cristã
§ Detenha-se na imagem do cisco e da
medida (balança ou régua) que Jesus propõe como metáfora na prática da correção
fraterna
§ Você também tende às vezes a ceder a um
julgamento implacável, a uma crítica sem autocrítica, a um olhar condenatório
sobre os outros?
§ Como e quando seu olhar sobre os irmãos
e irmãs é turvo, distorcido e encobridor dos seus próprios limites, e quando é
puro e transparente?
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