Não basta cumprir bem as leis e os mandamentos!
809 | 18 de agosto de 2025 | Mateus 19,16-22
Nos últimos dias, estamos meditando trechos do
Evangelho nos quais Jesus nos apresenta o dinamismo inovador, transformador e
provocador do reino de Deus nos diversos campos das relações humanas: nas
relações entre as classes sociais, nas relações no interior das famílias, nas
relações entre homem e mulher, na relação com Deus e a religião, etc. Hoje, o
foco é a relação do discípulo com os bens.
Ao que parece, o jovem que busca Jesus faz parte da
elite de Israel. Ele tem muitos bens e, conforme o que ele mesmo afirma,
pratica fielmente os mandamentos, e isso desde a mais tenra juventude. Está
preocupado com a felicidade individual, trata Jesus como os mestres da lei o
tratavam, mas parece estar no caminho certo e bem-intencionado. Ele pergunta a
Jesus o que deve fazer de bom, ou como ser bom.
Vida eterna equivale a perfeição ou justiça, a ser
salvo, a entrar no Reino de Deus. Mas este jovem busca um caminho seguro para
“possuir” a vida eterna, e não para “deixar-se possuir” e conduzir por Deus e
seu Reino. Jesus responde a ele sublinhando que não há nada (coisa)
perfeitamente bom, mas apenas Alguém que é bom, e faz uma referência indireta
ao que o profeta Miquéias já havia dito (respeitar o direito, amar a felicidade
e caminhar humildemente com Deus (cf. 6,8) e aos mandamentos, enfatizando as
relações justa e equitativas com os irmãos.
Sem dar ouvidos à afirmação de Jesus, o jovem
demonstra que se considera bom e perfeito, escondendo que os muitos bens que
possui poderiam ser resultado de exploração e roubo. Mas, para Jesus, a prática
dos mandamentos não é suficiente para ser bom. Por isso, leva o jovem dar-se
conta que lhe falta a justiça e o amor aos pobres. Trata-se do amor que leva à
partilha e à restituição daquilo que por direito pertence aos necessitados,
condição essencial para seguir Jesus.
O jovem não está disposto a fazer isso, nem a caminhar com os demais
discípulos. Ele é possuído pelos bens que pensa possuir, não é livre, não é
bom, não ousa iniciar um caminho de despojamento e conversão. Na verdade, ele
não é capaz de considerar o reino de Deus como seu único tesouro. A riqueza o
sufoca, como os espinheiros sufocam parte da semente (cf. Mt 13,22). E isso
ressoa como advertência quando caímos na tentação de considerar-nos justos e
bons. “Conversão, justiça, comunhão e alegria, no cristão, é missão de cada
dia!”
Sugestões para a
meditação
§ Com que
intenções você procura Jesus e a vida cristã? O desejo de perfeição, de
renovação total e profunda é o que move você?
§ Como você se
avalia em relação aos preceitos da Igreja? Você os considera suficiente para
ser bom, e se acha bom praticante?
§ O que ainda
impede você de entregar-se na aventura de criar novos céus e nova terra, com
Jesus e todos aqueles que o seguem?
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