sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Viver vigilantes

NÃO VIVER ADORMECIDOS

Um dos riscos que hoje nos ameaçam é o de cair numa vida superficial, mecânica, rotineira, massificada. Não é fácil escapar. Com o passar dos anos, os projetos, objetivos e ideais de muitas pessoas acabam apagando-se. Não são poucos os que acabam por se levantar todos os dias apenas para «ir andando».

Onde podemos encontrar um princípio humanizador, desalienante, capaz de nos libertar da superficialidade, da massificação, do aturdimento ou do vazio interior?

É surpreendente como Jesus fala insistentemente da vigilância. Pode-se dizer que entende a fé como uma atitude vigilante que nos liberta da falta de sentido que domina os homens e mulheres que caminham pela vida sem qualquer meta ou objetivo.

Habituados a viver a fé como uma tradição familiar, uma herança ou mais um costume, não somos capazes de descobrir toda a força que ela contém para nos humanizarmos e darmos um novo sentido às nossas vidas.

É por isso que é triste observar quantos homens e mulheres abandonam uma fé vivida de forma inconsciente e pouco responsável para adotar uma atitude incrédula tão inconsciente e pouco responsável quanto a sua posição anterior.

O apelo de Jesus à vigilância chama-nos a despertar da indiferença, da passividade ou do descuido com que muitas vezes vivemos a nossa fé. Para vivê-la de forma lúcida precisamos conhecê-la com mais profundidade, confrontá-la com outras atitudes possíveis face à vida, agradecê-la e tratar de a viver com todas as suas consequências.

A fé é, assim, luz que inspira os nossos critérios de atuação, força que impulsiona o nosso compromisso de construir uma sociedade mais humana, esperança que anima toda a nossa vida quotidiana.

José Antônio Pagola

Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez

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