Sigamos os passos de
Jesus por onde quer que ele vá | 760 | 30.06.2025 | Mateus
8,18-22
Depois de apresentar três relatos de curas
realizadas por Jesus – sinais da chegada do Reino de Deus como vida abundante
para todos – Mateus nos apresenta três cenas com atitudes questionadoras de
Jesus, duas das quais meditamos hoje. São uma espécie de advertência que Jesus
dirige a quem deseja ser seu discípulo sem assumir as exigências que isso
comporta.
Jesus está iniciando a passagem do território dos
judeus ao terreno dos pagãos, um espaço marcado pela presença mais ostensiva romanos,
e um mestre da lei se apresenta como candidato ao discipulado, mesmo sem ter
sido chamado. Ele vê em Jesus um mestre ou guru importante, mas apenas um a
mais entre tantos mestres. Não passa pela sua cabeça que Jesus proponha uma
ruptura radical com a instituição, e nem leva em conta que é sempre o mestre
quem escolhe seus discípulos.
Jesus responde sublinhando o contraste entre a
estabilidade dos mestres da lei e a mobilidade da comunidade que se reúne ao
seu redor. Jesus é um pregador itinerante, avesso à instalação e à estabilidade
das instituições fechadas. A vai contra a corrente, percorre um caminho que
exige ousadia e firmeza, e se situa no limiar entre o mundo de relações
desiguais e violentas em que vivemos e o outro mundo possível.
Em seguida, um daqueles que já seguiam Jesus se
mostra disposto a passar para a outra margem, mas pede um tempo para cuidar do
pai até que ele morra. Aparentemente, seu pedido não é descabido, mas Jesus
sublinha que o discipulado não admite parênteses e adiamentos, está acima da
piedade e dos compromissos com a família de sangue e outras instituições. Jesus
enfatiza a urgência e a primazia da busca do Reino de Deus.
Como na versão da cena apresentada por Lucas, Jesus
ensina que adesão à ética do Reino de Deus deve ser absoluta, e nada pode se
antepor à dedicação plena e imediata a ele, pois os novos céus e a nova terra
urgem, a humanidade clama por ele, o mundo fraterno e justo não pode esperar.
Sugestões para a
meditação
§ Preste atenção nas atitudes e nos
pedidos do escriba e do discípulo: O que há de semelhante? O que há de
diferente?
§ Jesus propõe uma vida quase nômade,
itinerante, sem estabilidade, e uma urgência que não admite postergar as
decisões importantes
§ Os discípulos têm dificuldade de romper
com algo: e você, o que impede sua dedicação à construção do outro mundo
possível?
§ De que você ainda precisa se desapegar
para ser livre e generoso no seguimento de Jesus?
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