domingo, 29 de junho de 2025

Discipulado e itinerância

Sigamos os passos de Jesus por onde quer que ele vá | 760 | 30.06.2025 | Mateus 8,18-22

Depois de apresentar três relatos de curas realizadas por Jesus – sinais da chegada do Reino de Deus como vida abundante para todos – Mateus nos apresenta três cenas com atitudes questionadoras de Jesus, duas das quais meditamos hoje. São uma espécie de advertência que Jesus dirige a quem deseja ser seu discípulo sem assumir as exigências que isso comporta.

Jesus está iniciando a passagem do território dos judeus ao terreno dos pagãos, um espaço marcado pela presença mais ostensiva romanos, e um mestre da lei se apresenta como candidato ao discipulado, mesmo sem ter sido chamado. Ele vê em Jesus um mestre ou guru importante, mas apenas um a mais entre tantos mestres. Não passa pela sua cabeça que Jesus proponha uma ruptura radical com a instituição, e nem leva em conta que é sempre o mestre quem escolhe seus discípulos.

Jesus responde sublinhando o contraste entre a estabilidade dos mestres da lei e a mobilidade da comunidade que se reúne ao seu redor. Jesus é um pregador itinerante, avesso à instalação e à estabilidade das instituições fechadas. A vai contra a corrente, percorre um caminho que exige ousadia e firmeza, e se situa no limiar entre o mundo de relações desiguais e violentas em que vivemos e o outro mundo possível.

Em seguida, um daqueles que já seguiam Jesus se mostra disposto a passar para a outra margem, mas pede um tempo para cuidar do pai até que ele morra. Aparentemente, seu pedido não é descabido, mas Jesus sublinha que o discipulado não admite parênteses e adiamentos, está acima da piedade e dos compromissos com a família de sangue e outras instituições. Jesus enfatiza a urgência e a primazia da busca do Reino de Deus.

Como na versão da cena apresentada por Lucas, Jesus ensina que adesão à ética do Reino de Deus deve ser absoluta, e nada pode se antepor à dedicação plena e imediata a ele, pois os novos céus e a nova terra urgem, a humanidade clama por ele, o mundo fraterno e justo não pode esperar.

 

Sugestões para a meditação

§ Preste atenção nas atitudes e nos pedidos do escriba e do discípulo: O que há de semelhante? O que há de diferente?

§ Jesus propõe uma vida quase nômade, itinerante, sem estabilidade, e uma urgência que não admite postergar as decisões importantes

§ Os discípulos têm dificuldade de romper com algo: e você, o que impede sua dedicação à construção do outro mundo possível?

§ De que você ainda precisa se desapegar para ser livre e generoso no seguimento de Jesus?

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