Maria conservava no
coração tudo o que via e ouvia | 758 | 28.06.2025 | Lucas
2,41-51
Ontem celebrávamos
o Sagrado Coração de Jesus, e hoje, a memória do Imaculado Coração de Maria.
Precisamos evitar o risco de imaginar Jesus como um ser errante e solitário,
que não conheceu a beleza exigente da vida em família. Não podemos ver Maria
como uma espécie de divindade, isolada do mistério do Reino de Deus vivido e
revelado por Jesus.
O texto que estamos meditando não tem
nada de fábula infantil. Tem tudo a ver com o núcleo fundamental que dinamizou
a vida de Jesus: o empenho em fazer a vontade do Pai (que é reunir todas as
pessoas na única família do Pai), inclusive mediante a superação dos vínculos
da família patriarcal e, principalmente, através da cruz. É isso que, mesmo sem
entender, devemos guardar e meditar em nosso coração, como fez Maria.
Na cena de hoje, a nossa atenção não
pode se desviar do seu núcleo, que é a palavra de Jesus a seus pais (a primeira
palavra de Jesus no evangelho de Lucas!): “Não sabeis que devo estar na casa
(ou me ocupar das coisas) de meu Pai?” Trata-se da sua própria identidade e da
sua missão de Filho de Deus. E essa “estadia” na casa do Pai supõe a “saída” das
“cercas” família e do judaísmo mediante a entrega generosa e sem reservas na
cruz.
Mas a memória do Imaculado Coração de
Maria nos pede também uma atenção especial às atitudes de Maria. Ao lado do
marido e junto com o Filho, ela peregrina com seu povo e cultiva suas tradições
religiosas. A angústia por perder o filho de vista, e o susto por encontrá-lo
entre os mestres da lei, nos remete à dificuldade, dela e nossa, de assimilar o
sentido da sua missão, paixão e morte.
Maria
não se resigna à dificuldade para entender a missão de Jesus. Meditando os
fatos e palavras, inclusive a paixão e a morte do filho, ela se torna discípula
exemplar, peregrina despojada, mulher de fé e de reflexão. Seu coração é
imaculado porque ela acreditou na Palavra que lhe foi anunciada e colocou-se a
serviço da realização da Vontade de Deus.
Sugestões para a
meditação
§ Deixe-se envolver na peregrinação, no
encontro de Jesus com os doutores da lei, na busca de José e Maria, no
reencontro e no diálogo
§ Maria, na sua dificuldade de
compreender a palavra e a escolha de Jesus, é retrato de todo discípulo de
Jesus
§ Será que, acolhendo e interrogando os
fatos no coração, não nos convida a uma fé lúcida, reflexiva e amadurecida?
§ Em que medida nós nos ocupamos, como
Jesus, Maria e José, mais com “as coisas” do Pai que com nossos afetos e
interesses?
Nenhum comentário:
Postar um comentário