quinta-feira, 3 de julho de 2025

Acolher ou excluir?

Deus espera gestos de misericórdia, e não sacrifícios | 764 | 04.07.2025 | Mateus 9,9-13

Depois de curar uma pessoa paralítica, que contou com a ajuda de pessoas amigas, Jesus não reivindica para si mesmo os créditos do perdão e da cura. Ele passa do perdão – que é uma ação interior, cujos frutos não são visíveis – à cura, que é o lado visível e corporal da mesma ação. Diante do que viu, o povo ficou muito impressionado, com medo, e glorificou a Deus por ter dado tal poder a Jesus e aos seus discípulos.

Na cena de hoje, Jesus se encontra com Levi, que é cobrador de impostos, colaborador do império romano e, por isso, também considerado pecador, execrado e banido da convivência social e religiosa pelos judeus. Jesus não se orienta por preconceitos que excluem, nem por aparências ou exterioridades. Partindo da base social, ele chama e congrega pessoas de boa vontade para, com elas, iniciar uma comunidade alternativa.

Levi, que a tradição cristã identifica com São Mateus, responde prontamente ao chamado de Jesus, e entra no seu caminho. Como não exclui ninguém da mesa do Reino, desde que a pessoa entre no dinamismo do Reino de Deus, Jesus se confraterniza com Levi, seus colegas cobradores de impostos e muitas outras pessoas tratadas consideradas pecadoras. Pecador é o termo usado pelas sagradas escrituras para designar quem desaprova ou não vive de acordo com as normas de um grupo.

Essa prática inclusiva e inovadora de Jesus desestabiliza a ordem social, e, por isso, é criticada pelos fariseus e mestres da lei. Esta manifestação da misericórdia de Deus é vista como em desacordo com a vontade de Deus. A condescendência e a justiça de Deus, assim como é entendida e praticada por Jesus, deslegitima as práticas excludentes do judaísmo e seus representantes, e também dos seus sucessores nas igrejas de hoje.

Levi tomará parte desta comunidade vivificadora que compartilha recursos e estabelece relações estáveis de acolhida e inclusão, e passa a ser visto pelos cristãos como modelo de discípulo e apóstolo. Ele entendeu que Deus quer misericórdia, e não legalismo, que Jesus veio para quem está necessitado, e não para quem se considera satisfeito. E esse deve ser o caminho das Igrejas e todos os seus organismos.

 

Sugestões para a meditação

§ Retome a cena de Mateus trabalhando, sendo interpelado por Jesus, deixando tudo para segui-lo, e confraternizando-se com ele

§ Participe da cena, da alegria de Mateus e outros pecadores, da postura crítica dos fariseus e líderes do judaísmo

§ Contemple a vida de Jesus e, com Mateus, acolha e aprenda essa lição fundamental: Deus quer misericórdia e não sacrifícios

§ Como nós e nossas igrejas acolhemos e praticamos esse princípio fundamental que orienta toda a vida e a missão de Jesus?

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