Nossa fé está ancorada
no testemunho dos Apóstolos | 763 | 03.07.2025 | João
20,24-29
Na festa de São Tomé, bebemos das fontes joaninas. É em João que
encontramos algo mais que o nome desse operário da primeira hora. Além da cena de
hoje, João nos apresenta Tomé disposto a seguir Jesus na caminhada a Jerusalém
para com ele enfrentar a morte, mas, diante do iminente “êxodo” de Jesus,
manifesta seu profundo desconcerto: “Não sabemos para onde vais; como podemos
conhecer o caminho?” (Jo 14,5)
O
contexto da cena do evangelho de hoje é pascal, e Tomé aparece separado da
comunidade, com dificuldade de aceitar o testemunho dos seus condiscípulos, que
afirmam que Jesus está vivo. Para Tomé, o testemunho da comunidade não é
suficiente. Parece que ele espera uma manifestação individual ou uma prova
extraordinária. Mas o lugar de Jesus é entre os seus, como entendera bem Maria
Madalena. Por isso, ao que parece, Tomé representa os discípulos que impõem
condições e exigências para crer.
Mas,
não obstante a dúvida dele, ou, talvez, por causa das objeções apresentadas por
ele, Jesus volta a se mostrar presente no seio da comunidade. As portas
fechadas denotam uma comunidade claramente alternativa à lógica que predomina
na sociedade, uma comunidade com um estilo de vida próprio. E Jesus se
manifesta a todos os presentes, e não apenas a Tomé, como parece ter sido o
desejo dele. Depois de se dirigir a todos, finalmente volta-se a Tomé. Como
prova do seu amor fiel, Jesus toma a iniciativa no diálogo, e o convida a tocar
os sinais da sua entrega total, conatural e inseparável do seu amor e sua
memória.
A ressurreição de Jesus
não significou seu afastamento da humanidade, mas a realização máxima da
vocação humana. Tocando nas chagas de Jesus, Tomé finalmente comunga e faz sua
a carne e o sangue de Jesus. E, ao chamá-lo “meu Senhor”,
estabelece com ele uma relação pessoal, como Madalena o fizera. Dirigindo-se a
Deus como “meu Deus”, reconhece em Jesus um Deus próximo, humano, e
não um Deus altíssimo e inacessível.
Finalmente, Jesus adverte Tomé por ele não ter acreditado no
testemunho da sua comunidade, lugar da sua presença viva e continuada. E a
bem-aventurança de quem acredita sem ver, que a Tomé soou como um convite a
caminhar no claro-escuro da fé, Jesus a dirige também a nós, pois aceitamos e
vivemos segundo o testemunho de quem nos precedeu.
Sugestões para a
meditação
§ Participe da cena descrita, da alegria e do
testemunho dos discípulos, da resistência de Tomé, da delicadeza da presença de
Jesus
§ Visualize o rosto e o nome de pessoas, de
ontem e de hoje, a partir de cujo testemunho de vida você acredita na presença
de Deus no mundo
§ Em que situações você se percebe impondo
condições para crer em Jesus e segui-lo, querendo ver para crer?
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