Deus espera gestos
de misericórdia, e não sacrifícios | 764 | 04.07.2025 | Mateus
9,9-13
Depois de curar uma pessoa paralítica, que contou com a ajuda de pessoas
amigas, Jesus não reivindica para si mesmo os créditos do perdão e da cura. Ele
passa do perdão – que é uma ação interior, cujos frutos não são visíveis – à
cura, que é o lado visível e corporal da mesma ação. Diante do que viu, o povo
ficou muito impressionado, com medo, e glorificou a Deus por ter dado tal poder
a Jesus e aos seus discípulos.
Na cena de hoje, Jesus se
encontra com Levi, que é cobrador de impostos, colaborador do império romano e,
por isso, também considerado pecador, execrado e banido da convivência social e
religiosa pelos judeus. Jesus não se orienta por preconceitos que excluem, nem
por aparências ou exterioridades. Partindo da base social, ele chama e congrega
pessoas de boa vontade para, com elas, iniciar uma comunidade alternativa.
Levi, que a tradição
cristã identifica com São Mateus, responde prontamente ao chamado de Jesus, e
entra no seu caminho. Como não exclui ninguém da mesa do Reino, desde que a
pessoa entre no dinamismo do Reino de Deus, Jesus se confraterniza com Levi,
seus colegas cobradores de impostos e muitas outras pessoas tratadas consideradas
pecadoras. Pecador é o termo usado pelas sagradas escrituras para designar quem
desaprova ou não vive de acordo com as normas de um grupo.
Essa prática inclusiva e
inovadora de Jesus desestabiliza a ordem social, e, por isso, é criticada pelos
fariseus e mestres da lei. Esta manifestação da misericórdia de Deus é vista
como em desacordo com a vontade de Deus. A condescendência e a justiça de Deus,
assim como é entendida e praticada por Jesus, deslegitima as práticas
excludentes do judaísmo e seus representantes, e também dos seus sucessores nas
igrejas de hoje.
Levi tomará parte desta comunidade vivificadora que compartilha
recursos e estabelece relações estáveis de acolhida e inclusão, e passa a ser
visto pelos cristãos como modelo de discípulo e apóstolo. Ele entendeu que Deus
quer misericórdia, e não legalismo, que Jesus veio para quem está necessitado,
e não para quem se considera satisfeito. E esse deve ser o caminho das Igrejas
e todos os seus organismos.
Sugestões para a
meditação
§ Retome a cena de Mateus trabalhando, sendo
interpelado por Jesus, deixando tudo para segui-lo, e confraternizando-se com
ele
§ Participe da cena, da alegria de Mateus e
outros pecadores, da postura crítica dos fariseus e líderes do judaísmo
§ Contemple a vida de Jesus e, com Mateus,
acolha e aprenda essa lição fundamental: Deus quer misericórdia e não
sacrifícios
§ Como nós e nossas igrejas acolhemos e
praticamos esse princípio fundamental que orienta toda a vida e a missão de
Jesus?