Deus ama o mundo e tudo o que nele existe
836 | 14 de setembro de 2025 | João 3,13-17
O texto que é proposto à nossa meditação
está relacionado com a festa litúrgica de hoje: a exaltação da Santa Cruz. Esta
é uma celebração que vem desde o ano 335, quando foi celebrada a dedicação de
duas basílicas, na colina do Gólgota, em Jerusalém: a basílica da Santa Cruz e
basílica da Ressurreição.
Não deixa de ser estranho, ao menos do ponto
de vista histórico e sociológico, exaltar a cruz, recorrente instrumento de
tortura e morte usado pelo império romano contra seus “inimigos”. Seria como exaltar
e expor no centro dos nossos templos, ou carregar no peito ou estampadas em
nossas camisas, imagens do “pau de arara”, de um fuzil ou de um revólver.
Alguns até gostariam, como nos revelam algumas imagens que marcaram as últimas
campanhas eleitorais...
Para os cristãos, mesmo que pareça paradoxal,
a cruz não é memória da violência, do sofrimento ou da derrota, mas uma expressão
clara e contundente do amor sem limites de Deus pela humanidade. Pregado na
cruz, Jesus é a imagem de um Deus apaixonado pelas suas criaturas, o protótipo
do ser humano maduro e livre como o quis Deus, criado à sua imagem e
semelhança, dinamizado pelo seu Sopro Vital.
Na cruz é como que assinada a aliança de Deus
com a humanidade: sua vontade é totalmente positiva (que todos tenham vida em
abundância), universal (inclui todas as pessoas e todos os grupos humanos) e
irreversível (ele não volta atrás em sua paixão pela humanidade). Um Deus
crucificado exclui todo resquício ou ameaça de indiferença ou de punição, mesmo
contra errantes e pecadores.
Na vida de Jesus, mesmo sendo uma imposição
dos poderes constituídos, a cruz é a efusão da compaixão de Deus, e não um
acontecimento inesperado ou passageiro. Ela toma o lugar da lei, torna-se ponto
de partida e de convergência da vida cristã, e expressa a presença permanente e
libertadora de Deus no mundo, e não apenas no coração das pessoas. “Nossa glória
é a cruz”, exclama São Paulo.
A cruz traz a
assinatura de Deus: ele continua amando o mundo e o que nele existe, e exclui
de seu horizonte punições e castigos. Aderir a um Deus crucificado por amor
significa afirmar o amor, e não o poder, o sucesso ou as armas, como princípio,
como meta e como caminho, custe o que custar. Fora disso, nossa fé
seria vazia, e nossos símbolos seriam falsos, ou então armas letais disfarçadas
de piedade.
Sugestões para a
meditação
§ Retome cada palavra e
expressão, em forma negativa ou em forma positiva, e deixe que ressoem em você
§ Você ainda só consegue ver
na cruz dor, abandono e sofrimento, ou consegue fixar nela seu olhar e
contemplar o amor de Deus?
§ O que significa a expressão
“Deus amou tano o mundo” (organização humana, humanidade), em vez de “Deus amou
tanto os indivíduos”?
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