“Aos mortais dando comida, dais também o pão da vida” | 748 | 19.06.2025 | Lucas 9,11-17
Quando
os apóstolos voltam do “estágio missionário”, Jesus os leva para descansar fora
do território judaico. Ali eles contam, animados, o sucesso que haviam
experimentado. Mesmo sendo o lugar deserto, as multidões necessitadas vão atrás
de Jesus e dos discípulos. Sem se incomodar com isso, Jesus lhes fala do reino
de Deus, e cura muitas pessoas doentes.
Parece que o
repentino sucesso pastoral havia subido à cabeça dos apóstolos. A impressão é
que eles se sentem uma elite especial e separada do resto do povo, um grupo que
ocupa um lugar superior. No fim do dia, eles se aproximam de Jesus e lhe dão uma
ordem: “Despede a multidão para que possam ir aos povoados e sítios vizinhos
procurar hospedagem e comida...” Esquecem eles que a comunidade cristã existe
para dar uma resposta efetiva às angústias e esperanças das pessoas
concretas...
Jesus reage
sublinhando que são eles mesmos que devem cuidar do povo. Jesus não se importa
se os discípulos têm provisões suficientes, e pede que organizem o povo em
comunidades. Depois de se apropriar dos poucos pães e dos peixes dos apóstolos,
Jesus os eleva, abençoa, parte e dá aos discípulos para que distribuam. Acaba o
tempo do “cada um para si” e começa o tempo do convívio, da partilha e do
serviço. Inaugura-se o tempo de comunhão. “Todos comeram e se saciaram.”
Depois que o povo é
saciado, a sobra não vai fora. A atenção dos cristãos é inclusiva e universal,
mas dá prioridade aos últimos ou excluídos, e viver a Eucaristia é entrar nesta
lógica do dom, da prioridade dos últimos e mais frágeis. Diante deste
sacramento não se deve dizer “se aproxime quem for digno e estiver preparado”,
mas “Senhor, eu não sou digno...”
Jesus não institui apenas um rito a ser repetido, mas
propõe uma forma de vida a ser assumida com coerência. Ele pede que repitamos o
dom de nós mesmos em memória dele. Assim, a Eucaristia é o documento do imenso
amor de Cristo pela humanidade, e nela fazemos memória da altíssima caridade
que Cristo demonstrou na sua paixão (S. Tomás).
Sugestões para a meditação
§ Imagine-se junto de Jesus e seus apóstolos, diante de uma
multidão necessitada, que tem em Jesus sua única esperança
§ Observe a reação e as palavras dos apóstolos, e,
principalmente, a atitude, as palavras e os gestos de Jesus
§ Será que não está sobrando devoção eucarística e faltando
cuidado e solidariedade com o corpo de Jesus nas pessoas que sofrem?
§ Por quê nos preocupamos tanto com as migalhas das hóstias, e
tão pouco com as injustiças que ferem o corpo vivo de Jesus Cristo?
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