Alegrem-se, não
tenham medo, e procurem-me na Galileia! | 689 | 21.04.2025 | Mateus 28,8-15
Crer na
ressurreição de Cristo é mais uma tarefa que um ato de submissão ou concessão
intelectual. Crer é caminhar, e crer em Jesus crucificado e ressuscitado
significa percorrer com ele os caminhos do Reino de Deus, tornando-se semente
que não teme desfazer-se no ventre da terra, em gestos e sinais sempre frágeis
mais infinitamente potentes e eloquentes.
Maria Madalena e
“as outras marias” não viram um anjo rolando a pedra que lacrava a sepultura de
Jesus, em meio a um terremoto que derrubou os guardas, mas souberem que a
sepultura não reteve Jesus e que ele ia à frente delas para a Galileia. Mas já antes de iniciarem a volta para o
lugar começaram a seguir Jesus, ele se manifesta e confere a elas um mandato:
“Vão avisar meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Aí eles me verão”.
Em clara oposição
a esta alvissareira notícia e percurso do centro à periferia, os guardas vão à
chefia do templo. E lá selam a mentira que acompanhou o processo movido contra
Jesus: a elite subornou os guardas para que divulgassem a falsa notícia de que
Jesus continuava morto, mas seu corpo havia sido roubado pelos discípulos. Mas
a memória viva de Jesus havia “tomado corpo” no testemunho corajoso dos discípulos.
Aquelas duas
mulheres madrugadoras haviam intuído os dois pilares fundamentais da fé em
Jesus Cristo: ele não faz parte do clube dos mortos, eliminados e anulados
pelos poderosos; ele se deixa encontrar nas periferias e nas fronteiras, onde a
dominação assume mil formas e os sinais do Reino de Deus avançam de forma
discreta e irreversível.
Os discípulos e discípulas de Jesus não se deixam intimidar nem
derrotar pela execução patrocinada pelos poderes estabelecidos, enquanto estes
tremem, mentem e subornam para não aceitar a reviravolta. Contra tudo e contra
todos, estas mulheres, sustentadas pelos sutis fios da esperança, confiam
plenamente naquilo que ouvem, e se tornam peregrinas e alegres testemunhas,
reúnem os discípulos e “refundam” a Igreja dispersa.
Para meditar
§ Leia atentamente, sem pressa e com todos os sentidos,
palavra por palavra, gesto por gesto, esta cena protagonizada pelas discípulas
§ Por que elas, os fios mais frágeis do tecido social e eclesial,
são as primeiras a saber, a ver e a anunciar a ressurreição?
§ Terá o corpo masculino da Igreja caído sob a influência dos
“podres poderes”, esquecido a força criadora e desconfiado delas?
§ Como podemos resgatar hoje o papel essencial das mulheres no
testemunho da ressurreição e na reconstrução da Igreja?
§ O que significa hoje afirmar que Jesus “vai à nossa frente”
e poderemos vê-lo na Galileia, onde iniciara sua missão?
Nenhum comentário:
Postar um comentário