domingo, 20 de abril de 2025

Encontrá-lo na Galileia

Alegrem-se, não tenham medo, e procurem-me na Galileia! | 689 | 21.04.2025 | Mateus 28,8-15

Crer na ressurreição de Cristo é mais uma tarefa que um ato de submissão ou concessão intelectual. Crer é caminhar, e crer em Jesus crucificado e ressuscitado significa percorrer com ele os caminhos do Reino de Deus, tornando-se semente que não teme desfazer-se no ventre da terra, em gestos e sinais sempre frágeis mais infinitamente potentes e eloquentes.

Maria Madalena e “as outras marias” não viram um anjo rolando a pedra que lacrava a sepultura de Jesus, em meio a um terremoto que derrubou os guardas, mas souberem que a sepultura não reteve Jesus e que ele ia à frente delas para a Galileia.  Mas já antes de iniciarem a volta para o lugar começaram a seguir Jesus, ele se manifesta e confere a elas um mandato: “Vão avisar meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Aí eles me verão”.

Em clara oposição a esta alvissareira notícia e percurso do centro à periferia, os guardas vão à chefia do templo. E lá selam a mentira que acompanhou o processo movido contra Jesus: a elite subornou os guardas para que divulgassem a falsa notícia de que Jesus continuava morto, mas seu corpo havia sido roubado pelos discípulos. Mas a memória viva de Jesus havia “tomado corpo” no testemunho corajoso dos discípulos.

Aquelas duas mulheres madrugadoras haviam intuído os dois pilares fundamentais da fé em Jesus Cristo: ele não faz parte do clube dos mortos, eliminados e anulados pelos poderosos; ele se deixa encontrar nas periferias e nas fronteiras, onde a dominação assume mil formas e os sinais do Reino de Deus avançam de forma discreta e irreversível.

Os discípulos e discípulas de Jesus não se deixam intimidar nem derrotar pela execução patrocinada pelos poderes estabelecidos, enquanto estes tremem, mentem e subornam para não aceitar a reviravolta. Contra tudo e contra todos, estas mulheres, sustentadas pelos sutis fios da esperança, confiam plenamente naquilo que ouvem, e se tornam peregrinas e alegres testemunhas, reúnem os discípulos e “refundam” a Igreja dispersa.

 

Para meditar

§ Leia atentamente, sem pressa e com todos os sentidos, palavra por palavra, gesto por gesto, esta cena protagonizada pelas discípulas

§ Por que elas, os fios mais frágeis do tecido social e eclesial, são as primeiras a saber, a ver e a anunciar a ressurreição?

§ Terá o corpo masculino da Igreja caído sob a influência dos “podres poderes”, esquecido a força criadora e desconfiado delas?

§ Como podemos resgatar hoje o papel essencial das mulheres no testemunho da ressurreição e na reconstrução da Igreja?

§ O que significa hoje afirmar que Jesus “vai à nossa frente” e poderemos vê-lo na Galileia, onde iniciara sua missão?

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