É livre a pessoa que não decide por medo ou ambição | 802 | 11.08.2025 |
Mateus 17,22-27
Jesus já havia falado longamente aos seus
discípulos sobre o “seu destino”, ou sobre o desfecho do seu caminho: a
rejeição, a perseguição, a condenação e a eliminação, como se ele fosse uma
pedra incômoda e dispensável na construção do mundo. Por isso, no texto de hoje
ele fala disso em poucas palavras, alertando de novo seus discípulos em relação
à expectativa de sucesso.
O sentimento de tristeza dos discípulos não é apenas
causado pelos previsíveis sofrimentos de Jesus, mas também (ou até
principalmente) pela frustração das próprias expectativas de sucesso e de
prosperidade que eles alimentavam seguindo Jesus. Não entrava na cabeça deles a
ideia de um enviado de Deus que não mostrasse poder e não fosse consagrado pelo
sucesso e pela fama.
É nesse contexto que, questionados pelos funcionários
do templo se Jesus não paga os impostos, os discípulos se apressam em blindar o
mestre, afirmando que ele cumpre direitinho suas obrigações com o império
injusto. Percebendo o que eles haviam dito, mais por medo que que tinham que
por amor à verdade, Jesus esclarece sua posição e convida seus seguidores a uma
reflexão lúcida e ponderada.
Tanto Jesus como os cristãos somos radicalmente
livres de todo tipo de imposição, inclusive das mais dissimuladas e potentes,
que são aquelas que vem de dentro de nós mesmos e da cultura que herdamos. No
templo e no mundo, somos filhos, e não estranhos, herdeiros e não escravos.
Jesus e seus seguidores não devemos nada a ninguém, a não ser o amor fraterno.
Entretanto, essa liberdade não significa licença
para fazer o que quisermos, mas somente aquilo que é bom, que faz bem aos
outros. Essa é a liberdade mais difícil de exercitar! Por isso, mesmo sendo
livres frente a tudo, evitamos aquilo que pode escandalizar ou prejudicar os
outros. É isso que Jesus ilustra com sua sugestão de pagar o imposto com a
ajuda do peixe que ele pede para pescar.
Somos livres para amar e servir, para fazer da nossa vida um dom
cotidiano e generoso pelos outros, especialmente pelas pessoas mais penalizadas
e indefesas. Como nossa vida está segura nas mãos do Pai, não tememos a morte,
qualquer que seja sua forma, e semeamos livros mais que armas.
Sugestões para a
meditação
§ Reconstrua a cena, observando atentamente as palavras e
perguntas de Jesus, assim como a “média” que Pedro pretende fazer com os
funcionários do templo
§ Perceba também a tristeza dos discípulos de Jesus diante de
mais um anúncio do caminho da rejeição e da perseguição, que é o caminho de
Jesus, mas também o caminho de quem o segue
§ Você se sente realmente libertado por Jesus, livre inclusive
da necessidade de ser o primeiro e sempre levar vantagem?
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