Jesus propõe uma alternativa à família patriarcal
806 | 15 de agosto de 2025 | Mateus 19,3-12
Há alguns dias estamos lendo e meditando as
orientações de Jesus para a encarnação da novidade do Reino de Deus nas
relações comunitárias e sociais. Hoje, a atenção se volta para as relações no
interior da família, especialmente para as relações conjugais. A reflexão de
Jesus é oportunizada por mais uma pergunta provocadora vinda da boca dos
fariseus, que se posicionam como adversários de Jesus.
O ensino de Jesus é uma contundente defesa da dignidade
das mulheres, no contexto de uma cultura patriarcal, na qual o marido tem
direito de vida e de morte sobre a mulher. A família nascida da cruz de Jesus e
reconfigurada pelo Reino de Deus rejeita de forma inequívoca as relações
patriarcais, que eram aceitas como normais e normativas no mundo cultural
romano e judaico. Mas essa aceitação e defesa volta de modo inesperado nos
albores do século XXI.
Para Jesus, o matrimônio deve ser entendido em
outra perspectiva, sem o domínio da figura masculina. Os fariseus tinham
dificuldades de entender e aceitar isso. Para eles, a mulher fazia parte das
propriedades do homem e a ele deveria ser submissa. Mas, para Jesus, as
relações matrimoniais devem ser pautadas pela igualdade, pela reciprocidade,
pela solidariedade e pela unidade. Este é o querer de Deus sobre o casal humano.
Esta é a família verdadeiramente cristã e tradicional!
No enfrentamento com Jesus e no ensino ao povo, os
fariseus e doutores da lei fazem uma leitura distorcida da Lei, e dizem que é
ordem para todos aquilo que Moisés permitiu apenas como exceção. Mesmo fazendo
essa concessão à dureza dos homens, Moisés pediu garantias à mulher divorciada,
limitando o “direito ao despejo”. Jesus, por sua vez, propõe uma releitura da
vida conjugal a partir da vontade original de Deus, sublinhando que homem e
mulher se tornam uma unidade profunda, e nada deve desfazê-la.
Isso escandaliza os discípulos, contaminados também eles pela ideologia
patriarcal. Jesus não se incomoda, e radicaliza ainda mais: além de tomarem
como modelo as crianças, seus discípulos podem também se espelhar nos eunucos,
outro grupo de pessoas desprezadas e marginalizadas pela excludente cultura
patriarcal.
Sugestões para a
meditação
§ Como você vive a vocação de ser uma só carne (comunhão,
reciprocidade e solidariedade) na vida conjugal?
§ Em que medida vocês conseguem superar as relações ditadas
pelo patriarcalismo e pelo individualismo?
§ Você tem conseguido superar uma compreensão machista e
excludente da Palavra de Deus?
§ Como são tratadas as mulheres, as crianças e as pessoas homo
afetivas na sua família e na sua Igreja?
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