sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Ser como as crianças

No Reino de Deus, todos somos irmãos e aprendizes

807 | 16 de agosto de 2025 | Mateus 19,13-15

Do início ao fim dos seus relatos, os quatro evangelistas são unânimes em sublinhar a atenção e a sensibilidade de Jesus para com as pessoas e grupos sociais tratados como insignificantes e, por isso, mais vulneráveis. Estrangeiros, mulheres, crianças, doentes e pecadores representam esses grupos. Mas aos próprios discípulos custa muito aceitar e assimilar essa maneira revolucionária de ver e de tratar as pessoas.

O episódio do evangelho de hoje ilustra isso na relação com as crianças. Na sociedade de então, elas não tinham direitos, deviam obedecer e se submeter, estavam à margem. Elas não tinham lugar numa cultura patriarcal. Quando algumas pessoas, encorajadas pela compaixão de Jesus com os fracos, levaram crianças para que ele as abençoasse, os discípulos interviram e repreenderam-nas, pois viam a presença delas como um incômodo. Eles reagiram dentro do estreito no horizonte do patriarcalismo no qual haviam sido formados e viviam.

Jesus censura duramente esta atitude dos discípulos, e declara que o Reino de Deus pertence às crianças. Para Jesus, as pessoas frágeis e marginalizadas, como são as crianças, nos ensinam e, por isso, em outras alocuções, ele pede que seus discípulos sejam como elas. Elas são uma metáfora do autêntico e alegre seguimento de Jesus! E se elas participam do Reino de Deus, obviamente devem ter um lugar também no interior da comunidade cristã. Não há dúvida!

Como as pessoas que vêm de baixo e das margens acolhem a mensagem do Reino e reconhecem Jesus como enviado do Pai, também os discípulos devemos aceitar nossa condição de grupo socialmente marginalizado e insignificante, mas também alternativo e gerador de uma nova sociedade. Como o Reino de Deus e as crianças, a comunidade dos discípulos e discípulas vive neste mundo um caminho de transição para um futuro maduro e pleno.

Na comunidade sonhada e iniciada por Jesus, todos somos discípulos e irmãos. Não há pai ou patriarca. Todos são iguais em dignidade, sem nenhuma distinção. Os bispos do Brasil já diziam, e o último Sínodo da Igreja confirmou: a dignidade dos cristãos não está no ministério (ordenado ou extraordinário) que exercem, mas na sua condição de batizados e ungidos pelo Espírito Santo. Ser cristão é a razão da nossa alegria e a fonte da nossa missão.

 

Sugestões para a meditação

§ Em que medida estamos à margem das badalações, partilhando as lutas e esperanças das pessoas e grupos marginalizados e tratados como um incômodo?

§ Ajudamos a abrir brechas para que essas pessoas se encontrem com o Evangelho de Jesus e sejam socialmente reconhecidas?

§ Como essas pessoas e grupos sociais são acolhidas e tratadas em nossas comunidades cristãs e seus organismos e serviços?

Um comentário:

Anônimo disse...

Sim, bela mensagem. Recordando outra mensagem do Evangelho :