No Reino de Deus, todos somos irmãos e aprendizes
807 | 16 de agosto de 2025 | Mateus 19,13-15
Do início ao fim dos seus relatos, os quatro evangelistas
são unânimes em sublinhar a atenção e a sensibilidade de Jesus para com as
pessoas e grupos sociais tratados como insignificantes e, por isso, mais
vulneráveis. Estrangeiros, mulheres, crianças, doentes e pecadores representam esses
grupos. Mas aos próprios discípulos custa muito aceitar e assimilar essa
maneira revolucionária de ver e de tratar as pessoas.
O episódio do evangelho de hoje ilustra isso na
relação com as crianças. Na sociedade de então, elas não tinham direitos,
deviam obedecer e se submeter, estavam à margem. Elas não tinham lugar numa
cultura patriarcal. Quando algumas pessoas, encorajadas pela compaixão de Jesus
com os fracos, levaram crianças para que ele as abençoasse, os discípulos interviram
e repreenderam-nas, pois viam a presença delas como um incômodo. Eles reagiram dentro
do estreito no horizonte do patriarcalismo no qual haviam sido formados e
viviam.
Jesus censura duramente esta atitude dos
discípulos, e declara que o Reino de Deus pertence às crianças. Para Jesus, as
pessoas frágeis e marginalizadas, como são as crianças, nos ensinam e, por
isso, em outras alocuções, ele pede que seus discípulos sejam como elas. Elas
são uma metáfora do autêntico e alegre seguimento de Jesus! E se elas
participam do Reino de Deus, obviamente devem ter um lugar também no interior
da comunidade cristã. Não há dúvida!
Como as pessoas que vêm de baixo e das margens
acolhem a mensagem do Reino e reconhecem Jesus como enviado do Pai, também os
discípulos devemos aceitar nossa condição de grupo socialmente marginalizado e
insignificante, mas também alternativo e gerador de uma nova sociedade. Como o
Reino de Deus e as crianças, a comunidade dos discípulos e discípulas vive
neste mundo um caminho de transição para um futuro maduro e pleno.
Na comunidade sonhada e iniciada por Jesus, todos somos discípulos e
irmãos. Não há pai ou patriarca. Todos são iguais em dignidade, sem nenhuma
distinção. Os bispos do Brasil já diziam, e o último Sínodo da Igreja confirmou:
a dignidade dos cristãos não está no ministério (ordenado ou extraordinário)
que exercem, mas na sua condição de batizados e ungidos pelo Espírito Santo.
Ser cristão é a razão da nossa alegria e a fonte da nossa missão.
Sugestões para a
meditação
§ Em que medida estamos à margem das badalações, partilhando
as lutas e esperanças das pessoas e grupos marginalizados e tratados como um
incômodo?
§ Ajudamos a abrir brechas para que essas pessoas se encontrem
com o Evangelho de Jesus e sejam socialmente reconhecidas?
§ Como essas pessoas e grupos sociais são acolhidas e tratadas
em nossas comunidades cristãs e seus organismos e serviços?
Um comentário:
Sim, bela mensagem. Recordando outra mensagem do Evangelho :
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