Deus não cansa de sair e v ir ao nosso encontro
922 | 09 de dezembro de 2025 | Mateus 18,12-14
Já escrevi isso várias vezes, mas não custa lembrar
de novo: o tempo litúrgico e a perspectiva espiritual do Advento nos oferecem
um contexto especial que deve ser levado em conta na escuta e na meditação dos
textos do Evangelho. Não é a mesma coisa ler a parábola da ovelha perdida no
tempo comum, na quaresma ou no Advento. E hoje é essa parábola que ressoa aos
nossos ouvidos.
Os três versículos de hoje estão no capítulo 18 do
evangelho segundo Mateus. O contexto temático é uma descrição sumária das novas
relações e novas práticas que sustentam a comunidade cristã, semente e
antecipação parcial, mas real e profética, do Reino de Deus. Pouco antes, Jesus
sublinhara que é absolutamente importante não escandalizar nem desprezar os
sujeitos pequenos e vulneráveis. Mesmo sendo inevitável, ai de quem provoca
escândalo.
No contexto do império romano e do sistema judaico,
os discípulos de Jesus de Nazaré são equiparados às categorias sociais
desprezadas e vulneráveis, como as crianças, as mulheres, os migrantes, os
doentes (os “pequeninos”). Eles são parte do povo, e, aos olhos de Deus, são
preciosos, têm valor, são os primeiros no pensamento e nas prioridades de Deus.
Que ninguém atrapalhe o caminho deles, colocando-lhes pedras de tropeço.
Jesus ordena que esta seja a atitude das lideranças
cristãs em relação aos demais membros das comunidades. E ilustra isso com uma
parábola, com a qual chama seus interlocutores a participar da reflexão. Na
tradição judaica, o pastor lembra as lideranças (políticas ou religiosas), e o
rebanho/ovelha lembra o povo. A ovelha perdida representa o discípulo que não conseguiu
perseverar no caminho do Reino de Deus por causa dos outros, ou a pessoa que
corre risco de vida por estar à parte, sem amparo de ninguém.
Ressaltando
o desmedido cuidado “pastoral” do pastor, que deixa as 99 ovelhas seguras e
protegidas em segundo plano, sai ansioso em busca de uma única que se perdeu e
corre risco, fala sobre como Deus Pai trata seus filhos e filhas: ele não é
como os líderes religiosos e políticos, e é mais cuidadoso que os pastores que
o povo conhece. Deus se alegra mais com um do que com 99. Jesus espera que, em
nossa relação de líderes com os demais membros da Igreja, façamos como ele. Não
tenhamos medo de ser uma Igreja em saída...
Sugestões para a
meditação
§ O evangelho de
hoje nos orienta para uma atitude madura e adequada em relação aos irmãos e
irmãs mais frágeis e falíveis
§ Em que medida e
em que circunstâncias, por nossas atitudes, estamos sendo motivo de tropeço aos
nossos irmãos mais fracos?
§ O que fazemos,
como lideranças eclesiais, quando um irmão ou irmã tropeça, cai no erro e se
afasta, por vergonha ou por resistência?
§ Nossa comunidade
se sente realmente comprometida com o dinamismo e saída ao encontro de quem
está em situação de risco?
§ Experimentamos
alegria quando pessoas e grupos vulneráveis são assistidos e promovidos, e se
integram na comunidade?
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