Anunciemos o que estamos vendo e ouvindo
927 | 14 de dezembro de 2025 | Mateus 11,2-11
A crise e o escândalo diante dos sinais aparentemente impotentes
de Deus operados por Jesus Cristo se aninhou até no coração de João Batista e
dos discípulos de Jesus. Na prisão, o Profeta que batizava recebe notícias
sobre a ação de Jesus de Nazaré, daquele sobre quem ele vira descer o Espírito
de Deus e de quem esperava ações cortantes como a do machado na raiz das
arvores estéreis e peneira que separa os grãos e a palha. Mas João só ouvia
falar de perdão, acolhida e compaixão solidárias. Seria esse o Messias
prometido pelos profetas e esperado ansiosamente pelo povo, ou a espera deveria
continuar?
Também
nós, quando olhamos para aquilo que já é passado, ou quando voltamos nossa
atenção aos frágeis e ambíguos sinais que a Igreja realiza hoje, perguntamo-nos:
É essa a comunidade que Jesus escolheu e a quem confiou sua missão? É ela Sal
da terra e Luz do mundo? E quando contemplamos o mundo, palco de guerras
intermináveis, de violências insuportáveis, de dominações injustificáveis e de
parlamentes deploráveis, perguntamo-nos onde está a força do fermento e da
pequena semente do Reino de Deus, que Jesus anunciou estar próximo e em ação no
meio de nós. O que podemos continuar esperando?
Jesus
responde às dúvidas de João Batista, e de todos aqueles que não escondem a
frustração diante dos pequenos sinais que realiza, chamando a atenção para o
significado eloquente e para a força transformadora que neles se esconde. O
profeta da Galileia nos convida a alegrar-nos com os sinais de resgate da vida
dos pobres, por pequenos e impotentes que possam parecer: cegos que
recuperam a vista, paralíticos que voltam a caminhar, leprosos reinseridos na
convivência social, surdos que recuperam a audição, mortos que revivem, e
pobres que recebem boas notícias. Passemos, pois, do escândalo que desilude ao
júbilo que ilumina e potencializa a criatividade e a esperança!
Por fim, Jesus aproveita a ocasião para
chamar a atenção dos discípulos para o testemunho profético de João. Sua
atitude firme e corajosa levou-o à prisão, o que não deixa de ser sinal de
fragilidade. Sua vida foi como um caniço agitado pelo vento, e ele se apresentou
vestindo-se modestamente. Porém, João foi um verdadeiro e grande profeta que
aceitou ser enviado à frente para preparar caminhos, aceitando desaparecer para
que o Esperado se revelasse. Também dele aprendemos a permanecer firmes e a sofrer as
consequências por cultivarmos Sonhos que a história não consegue dar à luz.
Sugestões para a
meditação
· Releia
atentamente esta cena, prestando atenção aos personagens e àquilo que eles
falam, especialmente a Jesus
· Qual é causa da
crise de João Batista e seus seguidores? Quais eram os sinais que não “batiam”
com suas expectativas?
· Será que também
nós não guardamos meio secretamente algumas frustrações com a fraqueza dos
sinais realizados por Jesus?
· Em que medida
nossa fé assimilou e leva a sério a manjedoura e a cruz, ícones de um Deus
despojado de poder?
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