sábado, 13 de dezembro de 2025

Devemos esperar outro?

Anunciemos o que estamos vendo e ouvindo

927 | 14 de dezembro de 2025 | Mateus 11,2-11

A crise e o escândalo diante dos sinais aparentemente impotentes de Deus operados por Jesus Cristo se aninhou até no coração de João Batista e dos discípulos de Jesus. Na prisão, o Profeta que batizava recebe notícias sobre a ação de Jesus de Nazaré, daquele sobre quem ele vira descer o Espírito de Deus e de quem esperava ações cortantes como a do machado na raiz das arvores estéreis e peneira que separa os grãos e a palha. Mas João só ouvia falar de perdão, acolhida e compaixão solidárias. Seria esse o Messias prometido pelos profetas e esperado ansiosamente pelo povo, ou a espera deveria continuar?

Também nós, quando olhamos para aquilo que já é passado, ou quando voltamos nossa atenção aos frágeis e ambíguos sinais que a Igreja realiza hoje, perguntamo-nos: É essa a comunidade que Jesus escolheu e a quem confiou sua missão? É ela Sal da terra e Luz do mundo? E quando contemplamos o mundo, palco de guerras intermináveis, de violências insuportáveis, de dominações injustificáveis e de parlamentes deploráveis, perguntamo-nos onde está a força do fermento e da pequena semente do Reino de Deus, que Jesus anunciou estar próximo e em ação no meio de nós. O que podemos continuar esperando?

Jesus responde às dúvidas de João Batista, e de todos aqueles que não escondem a frustração diante dos pequenos sinais que realiza, chamando a atenção para o significado eloquente e para a força transformadora que neles se esconde. O profeta da Galileia nos convida a alegrar-nos com os sinais de resgate da vida dos pobres, por pequenos e impotentes que possam parecer:  cegos que recuperam a vista, paralíticos que voltam a caminhar, leprosos reinseridos na convivência social, surdos que recuperam a audição, mortos que revivem, e pobres que recebem boas notícias. Passemos, pois, do escândalo que desilude ao júbilo que ilumina e potencializa a criatividade e a esperança!

Por fim, Jesus aproveita a ocasião para chamar a atenção dos discípulos para o testemunho profético de João. Sua atitude firme e corajosa levou-o à prisão, o que não deixa de ser sinal de fragilidade. Sua vida foi como um caniço agitado pelo vento, e ele se apresentou vestindo-se modestamente. Porém, João foi um verdadeiro e grande profeta que aceitou ser enviado à frente para preparar caminhos, aceitando desaparecer para que o Esperado se revelasse. Também dele aprendemos a permanecer firmes e a sofrer as consequências por cultivarmos Sonhos que a história não consegue dar à luz.

 

Sugestões para a meditação

·    Releia atentamente esta cena, prestando atenção aos personagens e àquilo que eles falam, especialmente a Jesus

·    Qual é causa da crise de João Batista e seus seguidores? Quais eram os sinais que não “batiam” com suas expectativas?

·    Será que também nós não guardamos meio secretamente algumas frustrações com a fraqueza dos sinais realizados por Jesus?

·    Em que medida nossa fé assimilou e leva a sério a manjedoura e a cruz, ícones de um Deus despojado de poder?

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