O seguimento de Jesus nos dá um novo olhar
918 | 05 de dezembro de 2025 | Mateus 9,27-31
Na caminhada do Advento, que inaugura
um novo tempo espiritual, a alegre expectativa pelo que está sendo gestado e
logo nascerá é a luz que ilumina os textos bíblicos propostos para cada dia.
Precisamos ajustar o nosso olhar para que sejamos capazes de reconhecer os
sinais da chegada do Reino de Deus e da “visita” de Deus em trajes de pobreza,
de simplicidade, de proximidade, e nos abre ao sonho, à esperança, à
generosidade ativa.
O texto de hoje está situado numa etapa de plena e intensa
atividade missionária de Jesus, conjugada com uma esmerada formação para os
discípulos. Neste movimento guiado pela compaixão, Jesus multiplica fecundos
sinais da chegada do reino de Deus. Não são demonstrações de poder, mas ações
concretas que vêm em socorro aos pobres, doentes e desvalidos. Entre estes
estão os cegos, socialmente vulneráveis e objetos de chacota de muitas “pessoas
de bem”. Mas Jesus abre a eles as portas da sua casa e do Reino de Deus.
Não sem dificuldades, os cegos seguem Jesus em seu
movimento missionário. Esta atitude de pessoas marginalizadas, como é o caso
deles, expressa a dinâmica do discipulado cristão: mesmo sem “ver” Jesus, eles
o seguem, movidos pelo desejo; querem alcançar a visão, para saber o caminho e
ver as pessoas e acontecimentos como Deus os vê. Jesus valoriza este desejo profundo
como sinal de uma fé pura e profunda. Essa fé tem força, e rompe com a inércia
e com o fatalismo e põe a caminho.
Os cegos invocam Jesus como “filho de Davi”, como o fazem
todas as pessoas e categorias cansadas e abatidas, que anseiam por mudanças
radicais na ordem social. Eles pedem “piedade” (misericórdia), que não é um
mero sentimento, mas atitude e ação capaz de mudar de modo efetivo e palpável a
difícil condição que vivem. Assim, mesmo cegos, reconhecem Jesus como o Messias
ou Enviado de Deus para instaurar uma nova ordem social, favorável aos pobres.
O pedido dos
cegos é atendido por Jesus. Como todas as pessoas que se encontram de fato com
Jesus, os cegos curados não se calam, e se tornam discípulos e testemunhas. Quem
encontra Jesus e prova sua compaixão não pode calar-se ou cruzar os braços. Caminhando
para o Natal, como José e Maria e como os pastores, movidos pelo sincero desejo
de ver o nascimento de “um outro mundo possível”, deixemos que o Deus Menino
nos toque, abra nossos olhos e guie nossos passos.
Sugestões para a
meditação
§ O evangelho de hoje nos orienta para uma atitude madura e adequada
na preparação do Natal: o desejo de ver bem
§ Acompanhando Maria e José, não basta olhar para Maria ou para
Jesus Menino; precisamos olhar com ele, com o olhar dele
§ Nossa fé em Jesus ajusta nosso olhar ao dele, chama-nos ao
testemunho e ao engajamento humanitário
§ Que nossos olhos se abram aos múltiplos sinais de solidariedade
que sobrevivem e se multiplicam em tempos complexos e sombrios
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