A compaixão move montanhas resgata a vida
916 | 03 de dezembro de 2025 | Mateus 15,29-37
A espiritualidade do advento é a
lente que devemos usar para ler e meditar os textos bíblicos deste tempo
litúrgico. Ela ajusta nosso ouvido e nosso olhar para reconhecermos a “visita”
de Deus em trajes humanos de pobreza, de simplicidade, de proximidade. E aguça
nossa sensibilidade em relação ao sonho, à esperança, à generosidade. Em meio a
mil solicitações do consumo e do comércio, precisamos manter o foco naquilo que
é essencial.
No
trecho que meditamos hoje, o evangelista nos apresenta Jesus em missão,
antecipando a festa dos pequenos, a festa que celebra a preciosidade da vida dos
pobres. Na montanha, lugar de reunião e de encontro, Jesus cura as pessoas
machucadas pela sociedade e pela vida, e alimenta os famintos. Ali se
concretiza a “filantropia” de Deus, sinalizada e antecipada no Natal de Jesus.
Afinal, as cenas da gruta e do calvário se parecem, e ambas são atravessadas
pela partilha.
Nesta
cena, o evangelista nos mostra que a festa da vida, sonhada e esperada, não se
realiza no templo, como apregoavam os sacerdotes, mas no encontro com Jesus. E
os protagonistas não são as pessoas piedosas ou poderosas, mas aquelas que são
jogadas nas margens da convivência social e do espaço religioso. Mas o objetivo
de Jesus é ajustar nosso olhar para que sejamos capazes de ver as necessidades
dos outros e ser compassivos.
De
fato, o que move Jesus em seu falar e em seu agir é a compaixão. Esta não é um
sentimento ocasional, mas uma força que coloca a dor e a vida dos outros acima
e antes de tudo. É esta compaixão vivida por Jesus em todas as relações que
atrai a ele as pessoas pobres e “estropiadas”. É esta compaixão que ele quer
despertar em todos os seus discípulos e enviados, pois é ela que nos ajuda a
encontrar soluções para os problemas. A erradicação da fome no mundo não
depende de tecnologia, mas de uma decisão política movida pela compaixão.
O
pão que alimenta a multidão é resultado da superação do egoísmo. Quem o possui,
mesmo em pouca quantidade, cede a prioridade aos necessitados. O pouco com Deus
é muito, e o muito sem Deus é nada. É esse o sentido mais profundo do Natal: Deus
vê a angústia dos sofredores, assume suas dores e suscita soluções para suas
dificuldades. Em princípio ele não chega trazendo nada, mas oferecendo a si
mesmo, assumindo nossa condição e nossas fragilidades. Que a montanha do
egoísmo seja rebaixada.
Sugestões para a
meditação
§ Faça um esforço para recriar a cena, colocando-se entre os
personagens, contracenando e dialogando com eles
§ Como repercute em você a declaração de Jesus “Tenho compaixão
desse povo que não tem nada para comer”?
§ Participe das ações de Jesus e da alegria incontida e do louvor a
Deus que brota da boca das pessoas curadas e alimentadas
§ O que isso tem a ver conosco, com a preparação e a celebração do
Natal que se aproxima?
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