A caminhada de uma família de Nazaré
Convido
quem quiser vir comigo e acompanhar imaginariamente a Sagrada Família de Nazaré
na sua caminhada de fé, do primeiro domingo do Advento ao primeiro anúncio
missionário de Jesus. O profeta Isaías ocupa um lugar central na liturgia do
Advento, assim como na fé e na espiritualidade de José e Maria. E, obviamente,
na vida de Jesus.
Parece
que a Sagrada Família encontrou em Isaías indicações para sua vida cotidiana.
“Abram um caminho no deserto. Aplainem uma estrada para o nosso Deus. Aterrem
os vales e aplainem as colinas” (Is 40). “Ele me enviou para dar boas notícias
aos pobres, curar os corações feridos, proclamar a libertação dos escravos” (Is
61).
Mais
tarde, contemplando a fragilidade do Menino deitado na manjedoura, Maria e José
se perguntaram onde estariam os sinais do Deus forte, o manto da realeza e a
fogueira que queimaria as armas de guerra e as roupas manchadas de sangue (Is
9). Mas também se maravilharam com o que os pastores contavam sobre o que
tinham ouvido.
A
visita dos magos despertou-lhes medo e constrangimento. O que teria de tão
especial aquele Menino para atrair gente de tão longe? E a presença daqueles
pagãos não traria impureza para a família? Será que os pagãos também seriam
abençoados por Deus? Como poderia a glória de Deus habitar numa criança e se
manifestar a todos os povos?
O
tempo foi passando, e o filho de Maria e José se mostrava absolutamente normal:
crescia lentamente; aprendia a língua da sua gente e a religião dos seus pais;
apreciava muito as esperanças que seu povo cultivava; crescia também em graça e
sabedoria. Com 12 anos tomou distância dos pais e discutiu com os doutores da
lei em Jerusalém.
Um
dia, Jesus, Maria e José foram ao encontro de João Batista nas margens do rio Jordão
e acompanharam atônitos o filho entrando na água para ser batizado. Viram o céu
se abrindo e uma pomba pairando sobre ele. E ouviram uma voz que vinha do céu:
“Tu és meu filho amado; em ti eu encontro meu agrado!” O que significaria tudo
isso?
Com
João Batista, Maria e José descobriram que o filho não lhes pertencia, que os
superava em sabedoria e graça e os precedia nos caminhos de Deus. “Depois de
mim vai chegar alguém que é mais forte do que eu... Eu não mereço sequer
desamarrar a correia das sandálias dele...” Eles entenderam que Deus é grande
porque valoriza os pequenos.
Depois
do batismo, tudo mudou radicalmente. Jesus se afastou do núcleo familiar,
passou a viver com um grupo de discípulos e a anunciar que o Reino de Deus
estava chegando. Não sem dificuldades, Maria e José passaram a fazer parte da
nova família que se formou em torno dele: a família dos que acolhem e vivem a
Palavra de Deus.
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