A relação de
Jesus conosco é de confiança, e não de cobrança! | 537|20. 11.2024 | Lucas 19,11-28
Esta parábola de Jesus é apresentada por Lucas na
sequência da conhecida cena de Zaqueu e no finalzinho da caminhada de Jesus a
Jerusalém. A aproximação da capital e do templo suscita nos discípulos e
discípulas a pergunta pela possibilidade de uma manifestação gloriosa e
poderosa do Reino de Deus. “Alguns pensavam que o Reino de Deus chegaria logo”,
diz o evangelista.
Para curar a “febre escatológica” que contamina
parte dos discípulos, e para desmontar uma expectativa marcadamente apocalíptica
e triunfalista, Jesus recorre a uma parábola, como gostava de fazer. Na
parábola, Jesus chama a atenção para a figura do homem nobre que viaja para ser
coroado como rei, e também para a figura do último de uma série de dez empregados.
Os empregados recebem, cada um, 100 moedas de prata
para administrar. O homem nobre coroado rei não pede nada mais: somente pede
que administrem do modo como sabem e querem. Na sua volta, apenas três
empregados são citados. O primeiro revela que fez o valor recebido se
multiplicar por dez. O segundo, o fez render cinco vezes mais. O terceiro
devolveu as 100 moedas, sem mais.
Mas há também um grupo de concidadãos que se
manifestam contra a coroação, não aceitam sua autoridade, e acabam atraindo
sobre si a ira do rei. O foco da atenção recai sobre o terceiro empregado, que
age guiado pelo medo, porque o rei seria muito severo e exigente. Na realidade,
o rei não é severo nem exigente, pois não cobra nada, não toma de volta o que
confiou e ainda confia mais bens àqueles que foram criativos.
A figura do rei representa Jesus, que vai a
Jerusalém para ser coroado, não exatamente como rei, mas para ser contestado em
sua liderança, onde acaba sendo coroado de espinhos, numa evidente sátira ao
seu poder de rei. Seu reino se manifesta na acolhida de todas as pessoas como
filhas de Abraão, na cura de doenças, na integração dos excluídos. Na sua coroa
não brilham pedras preciosas, mas espinhos... E cabe aos discípulos e
discípulas segui-lo e fazer o que ele fez.
A punição
mais dura é reservada àqueles que rejeitam que o rei governe sobre eles,
enquanto que o servo medroso e preguiçoso apenas perde a confiança e a missão a
ele encomendada, porque, acorrentado pelo medo, não obedece e não é fiel.
Quanto mais fiéis formos à missão, mais crescemos na comunhão com Jesus.
Meditação:
· Retome esta parábola com atenção à figura do
homem nobre (Jesus) e do discípulo medroso e preguiçoso
· Observe que o rei é generoso, e não exigente,
como pensa e afirma o personagem
· Como nós imaginamos hoje a irrupção do Reino de Deus,
a gestação de “um outro mundo possível”, da terra sem males?
· Por que tantos setores da Igreja separam Jesus
do Reino de Deus, ou o substituem pela salvação da alma?