Em torno de
Jesus a família cristã se alarga e não exclui ninguém | 538|21. 11.2024 | Mateus
12,46-50
Jesus acabara de acusar as autoridades religiosas
de serem incapazes de discernir sua identidade de Messias, enviado pelo Pai
para anunciar e inaugurar seu Reino. Ele deixa a sinagoga, e está em uma casa,
não necessariamente na sua, com seus discípulos e discípulas. A casa é como se
fosse o lugar de encontro e convivência de uma nova família, alternativa, que
relativiza os tradicionais laços de raça e de sangue.
Mateus diz que alguém avisa Jesus que sua mãe e
seus irmãos estão lá fora, e desejam falar com ele. Eles aproximam-se
respeitosamente, e não querem interromper a ação pedagógica e missionária de
Jesus. O motivo desta procura teria sido saudades dele? Ou o desejo de que ele
voltasse para casa? Ou talvez a decisão de segui-lo na aventura do Reino de Deus?
De qualquer modo, estar dentro ou fora dessa casa delimita a clara pertença ao
“círculo” de Jesus e do Reino ou a auto exclusão.
A novidade do Reino de Deus, muito esperada por
todos os oprimidos e trazida por Jesus, implicava claramente numa mudança das
relações sociais, econômicas, religiosas, políticas, mas também uma profunda
mudança das relações familiares. Jesus questiona e supera o modelo de família
patriarcal, baseada nos laços de sangue e na submissão da mulher e dos filhos
ao homem e senhor, sempre funcional aos sistemas estruturados sobre a
dominação.
Jesus responde ao aviso de que sua mãe e seus
irmãos o procuram com uma pergunta, uma declaração e um gesto. Depois de
questionar quem seria sua mãe e seus irmãos, Jesus se dirige aos discípulos e
discípulas que o circundam, e declara: “Eis minha mãe e meus irmãos! Pois todo
aquele que faz a vontade do meu Pai, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe!”
A comunidade de discípulos e discípulas é a sua nova família, aberta, não
sujeita aos vínculos de sangue, de raça, de gênero, de religião. Nela, só Deus
é Pai, e todos são iguais!
Nós cremos que Maria também está neste círculo, pois, ninguém mais que
ela, viveu para realizar prontamente a vontade do Pai. Nisso ela é nossa mãe,
irmã e mestra. E hoje, na celebração que a recorda sua apresentação no templo
de Jerusalém, reafirmamos sua pertença ao círculo dos discípulos. Naquela
busca, talvez até angustiada, pulsa um coração de mãe que se faz aprendiz.
Meditação:
§ Jesus
não interrompe sua missão para atender sua família, nem a coloca acima da
vontade do Pai
§ Como
podemos alargar os limites e muros da nossa família de sangue, superando
hierarquias rígidas?
§ Você se sente efetivamente e com alegria irmão ou
irmã de Jesus e de todos/as aqueles/as que vivem seu Evangelho?
§ O
que você pode fazer para que sua comunidade e sua família seja de fato semente
e sinal de uma nova humanidade?