Ano A | 17ª
Semana Comum | Terça-feira | Mateus 13,36-43
(01/08/2023)
Sabemos que as parábolas têm características da
sabedoria popular, usa imagens da experiência cotidiana, e exige o engajamento
do ouvinte na interpretação. Nisso, são diferentes das alegorias, que buscam
equivalência ou correspondência e sentido para cada um dos termos. Na
explicação, pedida pelos discípulos, Mateus faz uma leitura alegórica da
parábola do trigo e do joio, considerando as demandas e conflitos da sua
comunidade.
Notemos que esta que Mateus nos oferece é apenas
uma entre as diversas interpretações possíveis, e o interesse está na oposição
que o Reino de Deus enfrenta. Jesus oferece esta explicação em casa, no espaço
que as comunidades cristãs converteram em ambiente de encontro com Jesus e de
aprofundamento do seu ensino. A leitura se detém em oito aspectos, que não são
os únicos. Há um fio condutor: o mal e sua oposição à novidade do Reino de Deus
faz parte da condição humana mas tem seus dias contados, não se estenderá para
sempre.
Jesus, que se apresenta como Filho do Homem,
espalha a semente do Reino de Deus, que é boa e se concretiza nos discípulos
que o seguem. O campo não se restringe ao coração das pessoas, mas é o mundo (a
vida e as estruturas econômicas, políticas, sociais e religiosas cotidianas). O
joio representa simbolicamente as elites políticas e religiosas, que Jesus
qualifica como filhas do diabo, e são por ele semeadas no mundo (cf. 4,8;
12,33-37). Mas elas não são perpétuas, nem os frutos do mal que provocam.
Portanto, o tempo histórico que é medido pelo nosso
percurso existencial e pela construção e mudança das sociedades, é o tempo da
adversidade e do conflito. Não faz sentido imaginar que um dia as coisas serão
isentas de ambiguidades, puras e imaculadas. Nem mesmo a Igreja pode
imaginar-se assim. Mas, no final, no mundo que há de vir e que inspira o mundo
que estamos a construir, o mal e suas causas serão eliminados.
Por isso, os discípulos/as do Reino somos
estimulados/as a manter a esperança, mesmo sendo trigo no meio do joio, e tendo
o joio dentro de nós, em nossas ações e instituições. Quando o Mundo Novo
florescer plenamente, os filhos/as do Reino brilharão como o sol, e a noite
ficará iluminada como quando o Filho de Deus se fez carne. O tempo atual,
entretanto, é de esperança e luta. O que nos anima é saber que tem boa semente
que está florescendo e amadurecendo.
Meditação:
· Entre
com Jesus e os discípulos/as em sua casa e peça que ele lhe dê inteligência
para compreender sua palavra
· Leia atentamente a explicação que Jesus nos oferece sobre a parábola do trigo bom e do joio semeado pelo inimigo
Seria possível atualizar essa interpretação para a situação que vivemos hoje na Igreja e na sociedade do Brasil?