sexta-feira, 14 de julho de 2023

O Evangelho dominical (Pagola) - 16.07.2023

APRENDER A SEMEAR COMO JESUS

Não foi fácil para Jesus levar avante o seu projeto. Logo no início, ele já foi confrontado com críticas e rejeição. A sua palavra não tinha a recepção que se poderia esperar. Entre os seus seguidores mais próximos, começava a despertar o desânimo e a desconfiança. Valia a pena continuar a trabalhar ao lado de Jesus? Não era tudo aquilo uma utopia impossível?

Jesus disse-lhes o que pensava. Contou-lhes a parábola de um semeador para fazer-lhes ver o realismo com que trabalhava e a fé inabalável que o animava. As duas coisas. Há certamente um trabalho infrutífero que se pode perder, mas o projeto final de Deus não fracassará. Não podemos ceder ao desânimo. Há que continuar a semear. No final, haverá uma colheita abundante.

Aqueles que ouviram a parábola sabiam que Jesus estava falando de si mesmo. Assim era Jesus. Semeava a sua palavra em qualquer parte onde via esperança de que pudesse germinar. Semeava gestos de bondade e misericórdia mesmo nos ambientes mais inesperados, como entre pessoas muito afastadas da religião.

Jesus semeava com o realismo e a confiança de um lavrador da Galileia. Todos sabiam que o plantio se iria perder em mais de um lugar daquelas terras tão desiguais. Mas isso não desanimava ninguém: nenhum agricultor deixava por isso de semear. O importante era a colheita final. Algo semelhante ocorre com o reino de Deus. Não faltam obstáculos e resistências, mas a força de Deus dará o seu fruto. Seria absurdo deixar de semear.

Na Igreja de Jesus não precisa de ceifeiros. O nosso objetivo não é colher sucessos, conquistar as ruas, dominar a sociedade, encher igrejas, impor a nossa fé religiosa. O que precisamos é de semeadores. Seguidores e seguidoras de Jesus que semeiem por onde passam palavras de esperança e gestos de compaixão.

Esta é a conversão que devemos promover hoje entre nós: ir passando da obsessão por «colher» para o paciente trabalho de «semear». Jesus deixou-nos em herança a parábola do semeador, não a do colhedor.

José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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