domingo, 9 de julho de 2023

O Evangelho de cada dia (43)

Ano A | 14ª Semana Comum | Segunda-feira | Mateus 9,18-26

(10/07/2023)

Nesta dupla cena descrita por São Mateus, temos a presença de vários elementos contrastantes: um chefe importante e reconhecido, e uma mulher anônima; a impotência dos oficiais e o poder libertador de Jesus; a doença e a cura; a prostração e a elevação; o ambiente público da rua e o espaço privado da casa; o pedido direto e o desejo secreto.

A ação compassiva e libertadora de Jesus cura e reabilita duas pessoas que sofrem e são marginalizadas: uma mulher e uma menina, ambas do extrato social mais vulnerável e desprezado num ambiente patriarcal. Mas enquanto a menina tem família e é filha de uma pessoa que tem cargo de chefia, a mulher que vê sua vida se esvaindo em sangue parece não ter ninguém por ela.

A menina tem alguém por ela, e seu pai, como que reconhecendo que seu poder é impotente, se aproxima de Jesus respeitosamente e pede a ele em favor da filha. A mulher que sofre de hemorragia, consciente de sua pequenez, não tem ninguém que possa interceder por ela, e não pede nada: apenas se aproxima de Jesus e toca no seu manto.

Há um elemento comum entre o chefe (não se diz se é chefe dos romanos ou dos judeus) e a mulher que interrompe a caminhada de Jesus à casa da menina: a fé na ação misericordiosa e restauradora de Jesus. Talvez esse chefe, que em relação às crianças faz o contrário de Herodes, represente um modelo alternativo de liderança cristã, centrado no cuidado aos vulneráveis.

A mulher se aproxima de Jesus, sem reverência, mas com grande fé, tanto que, nesse toque, Jesus reconhece sua fé e fica impressionado. O chefe crê que o toque de Jesus dará vida à sua filha. Para Jesus, a fé é que fez o trabalho de cura da mulher, por isso deve ela ter coragem, e a menina não está morta, mas precisa ser “elevada”, reestabelecida, reinserida na sociedade, ou seja, curada.

Como os escribas e fariseus, a multidão reunida na casa do pai da menina não espera nada de Jesus, e até caçoa dele. Jesus evita fazer gestos espetaculares, e pede que quem espera isso se retire da cena. A cura ocorre em modo reservado, mas a notícia se espalha e chega até nós. Cremos como a mulher e o pai da menina que o toque de Jesus pode nos curar e levantar?

 

Meditação:

·    Acompanhe cada palavra e cada gesto ou ação desta cena, observando bem a atitude dos diversos personagens, especialmente como as pessoas se dirigem a Jesus e o que ele faz por elas

·    O que a intercessão do pai da menina e a iniciativa da mulher doente podem nos ensinar?

·    É possível perceber como Jesus evita dar prioridade às necessidades de pessoas de classe superior em desfavor dos pobres?

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