Ano A | 14ª
Semana Comum | Segunda-feira | Mateus 9,18-26
(10/07/2023)
Nesta dupla cena descrita por São Mateus, temos a
presença de vários elementos contrastantes: um chefe importante e reconhecido, e
uma mulher anônima; a impotência dos oficiais e o poder libertador de Jesus; a
doença e a cura; a prostração e a elevação; o ambiente público da rua e o espaço
privado da casa; o pedido direto e o desejo secreto.
A ação compassiva e libertadora de Jesus cura e
reabilita duas pessoas que sofrem e são marginalizadas: uma mulher e uma
menina, ambas do extrato social mais vulnerável e desprezado num ambiente
patriarcal. Mas enquanto a menina tem família e é filha de uma pessoa que tem
cargo de chefia, a mulher que vê sua vida se esvaindo em sangue parece não ter
ninguém por ela.
A menina tem alguém por ela, e seu pai, como que
reconhecendo que seu poder é impotente, se aproxima de Jesus respeitosamente e
pede a ele em favor da filha. A mulher que sofre de hemorragia, consciente de
sua pequenez, não tem ninguém que possa interceder por ela, e não pede nada:
apenas se aproxima de Jesus e toca no seu manto.
Há um elemento comum entre o chefe (não se diz se é
chefe dos romanos ou dos judeus) e a mulher que interrompe a caminhada de Jesus
à casa da menina: a fé na ação misericordiosa e restauradora de Jesus. Talvez
esse chefe, que em relação às crianças faz o contrário de Herodes, represente
um modelo alternativo de liderança cristã, centrado no cuidado aos vulneráveis.
A mulher se aproxima de Jesus, sem reverência, mas
com grande fé, tanto que, nesse toque, Jesus reconhece sua fé e fica
impressionado. O chefe crê que o toque de Jesus dará vida à sua filha. Para
Jesus, a fé é que fez o trabalho de cura da mulher, por isso deve ela ter
coragem, e a menina não está morta, mas precisa ser “elevada”, reestabelecida,
reinserida na sociedade, ou seja, curada.
Como os escribas e fariseus, a multidão reunida na
casa do pai da menina não espera nada de Jesus, e até caçoa dele. Jesus evita
fazer gestos espetaculares, e pede que quem espera isso se retire da cena. A
cura ocorre em modo reservado, mas a notícia se espalha e chega até nós. Cremos
como a mulher e o pai da menina que o toque de Jesus pode nos curar e levantar?
Meditação:
· Acompanhe
cada palavra e cada gesto ou ação desta cena, observando bem a atitude dos
diversos personagens, especialmente como as pessoas se dirigem a Jesus e o que
ele faz por elas
· O
que a intercessão do pai da menina e a iniciativa da mulher doente podem nos
ensinar?
· É
possível perceber como Jesus evita dar prioridade às necessidades de pessoas de
classe superior em desfavor dos pobres?
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