domingo, 2 de julho de 2023

O Evangelho de cada dia (36)

Ano A | Festa de São Tomé, Apóstolo | João 20,24-27

(03/07/2023)

Na festa de São Tomé, bebemos das fontes joaninas. É em João que encontramos algo mais que o nome desse operário da primeira hora. Além da cena um pouco contraditória de hoje, João nos apresenta Tomé disposto a seguir Jesus na caminhada até Jerusalém para enfrentar com ele a morte (cf. Jo 11,6), mas, diante do iminente “êxodo” de Jesus, ele manifesta seu profundo desconcerto: “Não sabemos para onde vais; como podemos conhecer o caminho?” (Jo 14,5)

O contexto da cena do evangelho de hoje é pascal, e Tomé aparece separado da comunidade, com dificuldades para aceitar o testemunho unânime dos seus condiscípulos, que afirmam que Jesus está vivo. Para Tomé, o testemunho da comunidade não é suficiente. Parece que ele está esperando uma manifestação individual ou uma prova extraordinária. Mas o lugar de Jesus é entre os seus, como entendera bem Maria Madalena. Por isso, ao que parece, Tomé representa os/as discípulos/as que impõem condições e exigências para crer.

Mas, não obstante a dúvida dele, ou, talvez, por causa das objeções apresentadas por ele, Jesus volta a se mostrar presente no seio da comunidade, agora com a presença de Tomé. As portas fechadas denotam uma comunidade claramente alternativa à lógica que predomina na sociedade, uma comunidade com um estilo de vida próprio. E Jesus se manifesta a todos os presentes, e não apenas a Tomé, como parece ter sido o desejo dele. Depois de se dirigir a todos, finalmente volta-se a Tomé. Como prova do seu amor fiel, Jesus toma a iniciativa no diálogo com ele, e o convida a tocar os sinais da sua entrega total, conatural e inseparável do seu amor, sua história e sua memória.

A ressurreição de Jesus não foi seu afastamento da humanidade, mas a realização máxima da vocação humana. Tocando nas chagas de Jesus, Tomé finalmente comunga e faz sua a carne e o sangue de Jesus. E, ao chamá-lo “meu Senhor”, estabelece com ele uma relação pessoal, como Maria Madalena. Dirigindo-se a deus como “meu Deus”, Tomé reconhece em Jesus um Deus próximo, acessível, humano, e não mais um Deus altíssimo e inacessível.  Mas, finalmente, Tomé também é advertido por não ter acreditado no testemunho da sua comunidade, lugar da presença viva e continuada de Jesus. E a bem-aventurança de quem acredita sem ver, que a Tomé soou como um convite a caminhar no claro-escuro da fé, Jesus a dirige a nós!

 

Meditação:

·     Participe da cena descrita, da alegria e do testemunho dos discípulos, da resistência de Tomé, da delicadeza da presença de Jesus

·     Visualize o rosto e o nome de pessoas, de ontem e de hoje, a partir de cujo testemunho de vida você acredita na presença de Deus no mundo

·     Em que situações você se percebe impondo condições para crer em Jesus e segui-lo, querendo ver para crer?

Nenhum comentário: