Ano A | Festa
de São Tomé, Apóstolo | João 20,24-27
(03/07/2023)
Na festa de São Tomé, bebemos das
fontes joaninas. É em João que encontramos algo mais que o nome desse operário
da primeira hora. Além da cena um pouco contraditória de hoje, João nos
apresenta Tomé disposto a seguir Jesus na caminhada até Jerusalém para enfrentar
com ele a morte (cf. Jo 11,6), mas, diante do iminente “êxodo” de Jesus, ele manifesta
seu profundo desconcerto: “Não sabemos para onde vais; como podemos conhecer o
caminho?” (Jo 14,5)
O contexto da cena do evangelho de
hoje é pascal, e Tomé aparece separado da comunidade, com dificuldades para
aceitar o testemunho unânime dos seus condiscípulos, que afirmam que Jesus está
vivo. Para Tomé, o testemunho da comunidade não é suficiente. Parece que ele
está esperando uma manifestação individual ou uma prova extraordinária. Mas o
lugar de Jesus é entre os seus, como entendera bem Maria Madalena. Por isso, ao
que parece, Tomé representa os/as discípulos/as que impõem condições e
exigências para crer.
Mas, não obstante a dúvida dele, ou,
talvez, por causa das objeções apresentadas por ele, Jesus volta a se mostrar
presente no seio da comunidade, agora com a presença de Tomé. As portas
fechadas denotam uma comunidade claramente alternativa à lógica que predomina
na sociedade, uma comunidade com um estilo de vida próprio. E Jesus se
manifesta a todos os presentes, e não apenas a Tomé, como parece ter sido o
desejo dele. Depois de se dirigir a todos, finalmente volta-se a Tomé. Como
prova do seu amor fiel, Jesus toma a iniciativa no diálogo com ele, e o convida
a tocar os sinais da sua entrega total, conatural e inseparável do seu amor,
sua história e sua memória.
A ressurreição de Jesus não foi seu
afastamento da humanidade, mas a realização máxima da vocação humana. Tocando
nas chagas de Jesus, Tomé finalmente comunga e faz sua a carne e o sangue de
Jesus. E, ao chamá-lo “meu Senhor”, estabelece com ele uma relação
pessoal, como Maria Madalena. Dirigindo-se a deus como “meu Deus”,
Tomé reconhece em Jesus um Deus próximo, acessível, humano, e não mais um Deus
altíssimo e inacessível. Mas,
finalmente, Tomé também é advertido por não ter acreditado no testemunho da sua
comunidade, lugar da presença viva e continuada de Jesus. E a bem-aventurança
de quem acredita sem ver, que a Tomé soou como um convite a caminhar no
claro-escuro da fé, Jesus a dirige a nós!
Meditação:
·
Participe da cena descrita, da alegria e do
testemunho dos discípulos, da resistência de Tomé, da delicadeza da presença de
Jesus
·
Visualize o rosto e o nome de pessoas, de ontem e
de hoje, a partir de cujo testemunho de vida você acredita na presença de Deus
no mundo
·
Em que situações você se percebe impondo condições
para crer em Jesus e segui-lo, querendo ver para crer?
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