Ano A | Santos
Lázaro, Marta e Maria | João 11,19-27
(29/07/2023)
Marta, discípula e amiga de Jesus, é mais conhecida
pela passagem de Lucas, onde ela aparece atazanada com os afazeres domésticos e
reclama da passividade de Maria, sua irmã, empenhada na escuta de Jesus. Ambas
moravam em Betânia e são irmãs de Lázaro. Este núcleo de acolhida e convivência
fraterna e amistosa era frequentado com gosto por Jesus. O texto ilumina a
memória dos três santos, que o Papa Francisco quis oferecer à Igreja.
A cena de hoje faz parte de um conjunto literário
maior, que é a enfermidade, a morte e o reerguimento de Lázaro. O pequeno
fragmento que estamos meditando começa com um ambiente e um clima de desolação,
de lamentação, de fim de festa. A desolação é maior porque Jesus fora avisado
da enfermidade do amigo, e não quis mudar sua agenda para curá-lo. Os judeus se
mostram amigos e chegam para consolar as duas irmãs pela morte de Lázaro.
Marta sai ao encontro de Jesus na estrada, e começa
o diálogo manifestando sua dor e censurando-o: “Se tivesses estado aqui, meu
irmão não teria morrido...” Ela segue Jesus esperando algum benefício, pois o
considera um potente curador. Ela ainda não sabe o que significa o seu amor, e
vê Jesus como apenas um mediador poderoso da ação de Deus. Sua crença na
ressurreição é para o final dos tempos, a mesma dos fariseus. Sua adesão a
Jesus é imatura, e expressa a adesão parcial e insuficiente de todos os
discípulos.
Entretanto, a passagem da morte para a vida se dá
no encontro pessoal e profundo com Jesus e na adesão a Jesus. Porque Jesus é
Vida, a morte não tem poder sobre ele e quem acredita nele. O “último dia” é
antecipado na cruz, do alto da qual ele abraça a humanidade sem excluir
ninguém, e derrama seu Espírito. Quem recebe o Espírito de Deus e se deixa
mover por ele não conhecerá a morte nem o medo, e conquista a plena liberdade
de amar e servir.
Marta
percebe que a fé tradicional não é suficiente e pronuncia uma bela profissão de
fé: Jesus é vida e ressurreição, o Ungido e Filho de Deus, enviado para que
todos tenham vida. Ela chega à maturidade da fé, e não lamenta mais a morte,
porque conhece a Vida. E, como discípula missionária que chegou à maioridade,
ela nos ensina o valor da acolhida fraterna no seguimento de Jesus.
Meditação:
· Você
se reconhece no lamento de Marta, que se interroga porque Jesus não evita ou
remedia certas situações dolorosas?
· Você
crê firmemente que aderir a Jesus é passar da morte para vida já agora? Como
você expressa essa fé e essa adesão a ele?
· Como
acolher a fé na ressurreição como dinamismo de esperança e compromisso
histórico, e não como desprezo da história concreta?
· Como
Marta, conhecida popularmente por seu ativismo, pode nos ajudar a avançar no
seguimento de Jesus?
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