Ano A | 17ª
Semana Comum | Segunda-feira | Mateus 13,31-35
(31/07/2023)
Já vimos que Jesus prefere anunciar o mistério do
Reino de Deus através de parábolas. As parábolas fazem parte de um recurso
sapiencial e popular que usa imagens tiradas da experiência cotidiana, e exige
o engajamento do ouvinte na interpretação. Aos discípulos, Jesus se comunica de
modo mais explicativo, mas às multidões ele prefere usar frequentemente as
parábolas.
Nas parábolas de hoje, explicitamente relacionadas
com o Reino de Deus, ou Reino dos Céus, na linguagem contida de Mateus, que
recorre às imagens da semente de mostrada e do fermento, Jesus parte da
experiência agrícola e doméstica. Enquanto que a parábola do semeador chama a
atenção sobre a ação de semear e as condições da terra, as de hoje sublinham o
contraste entre o pequeno e o pouco de hoje e a grandeza e a força no futuro.
Jesus tem presente que o aparente fracasso do Reino
que ele prega não se deve unicamente à oposição que muitos grupos fazem a ele,
mas também à própria natureza do reino de Deus. O Reino de Deus não cresce ao
modo dos impérios e poderes políticos, impondo-se pela força e pela grandeza,
mas de modo discreto e escondido, lentamente, corroendo a lógica do poder e do
egoísmo como o fermento corrompe a farinha.
As parábolas do Reino nos chamam a manter os pés e
mãos no tempo presente, mas sem deixar de vislumbrar o futuro, com realismo e
esperança. O projeto alternativo do Reino de Deus, como o fermento encoberto e
escondido pela farinha, é invisível aos olhos da elite, mas lentamente vai
minando o status quo e, de pequeno como a semente de mostarda, se torna
hortaliça frondosa à sobra da qual os povos e pessoas oprimidas (aves) encontram
acolhida.
Às vezes, aquilo que nós e nossas organizações e
grupos fazem parece muito pequeno e insignificante. Mas, como é difícil medir a
força de crescimento e diversificação contida numa minúscula semente, embora
seja real e palpável, é-nos pedida a confiança de que aquilo que é bom perdura
e se multiplica.
O texto termina com frases que nos causam
desconforto. Mas o sentido delas pode ser expresso assim: alguns ouvem e
entendem a mensagem do Reino de Deus e outros não entendem e rejeitam. Mas a
salvação de Deus é oferecida a todos, e está aberta até àqueles que a rejeitam.
Meditação:
· De
que modo estas parábolas, assim como toda a vida e ensino de Jesus, podem nos
ensinar a unir realismo e esperança, paciência e urgência?
· Você
nota alguma “fermentação” evangélica na sua vida desde que você começou a
praticar a Leitura Orante do Evangelho?
· O
que podemos fazer para que o fermento do Evangelho ajude nossas famílias e a
Igreja a serem melhores?
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