domingo, 30 de julho de 2023

O Evangelho de cada dia (64)

Ano A | 17ª Semana Comum | Segunda-feira | Mateus 13,31-35

(31/07/2023)

Já vimos que Jesus prefere anunciar o mistério do Reino de Deus através de parábolas. As parábolas fazem parte de um recurso sapiencial e popular que usa imagens tiradas da experiência cotidiana, e exige o engajamento do ouvinte na interpretação. Aos discípulos, Jesus se comunica de modo mais explicativo, mas às multidões ele prefere usar frequentemente as parábolas.

Nas parábolas de hoje, explicitamente relacionadas com o Reino de Deus, ou Reino dos Céus, na linguagem contida de Mateus, que recorre às imagens da semente de mostrada e do fermento, Jesus parte da experiência agrícola e doméstica. Enquanto que a parábola do semeador chama a atenção sobre a ação de semear e as condições da terra, as de hoje sublinham o contraste entre o pequeno e o pouco de hoje e a grandeza e a força no futuro.

Jesus tem presente que o aparente fracasso do Reino que ele prega não se deve unicamente à oposição que muitos grupos fazem a ele, mas também à própria natureza do reino de Deus. O Reino de Deus não cresce ao modo dos impérios e poderes políticos, impondo-se pela força e pela grandeza, mas de modo discreto e escondido, lentamente, corroendo a lógica do poder e do egoísmo como o fermento corrompe a farinha.

As parábolas do Reino nos chamam a manter os pés e mãos no tempo presente, mas sem deixar de vislumbrar o futuro, com realismo e esperança. O projeto alternativo do Reino de Deus, como o fermento encoberto e escondido pela farinha, é invisível aos olhos da elite, mas lentamente vai minando o status quo e, de pequeno como a semente de mostarda, se torna hortaliça frondosa à sobra da qual os povos e pessoas oprimidas (aves) encontram acolhida.

Às vezes, aquilo que nós e nossas organizações e grupos fazem parece muito pequeno e insignificante. Mas, como é difícil medir a força de crescimento e diversificação contida numa minúscula semente, embora seja real e palpável, é-nos pedida a confiança de que aquilo que é bom perdura e se multiplica.

O texto termina com frases que nos causam desconforto. Mas o sentido delas pode ser expresso assim: alguns ouvem e entendem a mensagem do Reino de Deus e outros não entendem e rejeitam. Mas a salvação de Deus é oferecida a todos, e está aberta até àqueles que a rejeitam.

 

Meditação:

·      De que modo estas parábolas, assim como toda a vida e ensino de Jesus, podem nos ensinar a unir realismo e esperança, paciência e urgência?

·      Você nota alguma “fermentação” evangélica na sua vida desde que você começou a praticar a Leitura Orante do Evangelho?

·      O que podemos fazer para que o fermento do Evangelho ajude nossas famílias e a Igreja a serem melhores?

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