Ano A | Festa
de São Tiago, Apóstolo | Mateus 20,20-28
(25/07/2023)
Hoje a Igreja celebra a festa do Apóstolo São Tiago
e, por isso, o texto proposto à nossa meditação foge um pouco da sequência que
estávamos seguindo. Parece que, propondo-nos este texto, a Igreja quer que
façamos uma autocrítica sobre o modo como exercemos a autoridade e
desenvolvemos nossos ministérios e serviços no seio da família e no âmbito da
Igreja e da sociedade.
Um pouco antes desta cena, Jesus sublinhava que, na
lógica do Reino de Deus, os últimos da escala social, aqueles que contam pouco
ou nada, ocupam os lugares preferenciais, e que ele mesmo seria rejeitado,
perseguido e condenado, colocado entre os últimos, como pedra descartada. Por
isso, fica a impressão de que os/as discípulos/as não quiseram entender e
ficaram calados, resistindo silenciosamente à proposta de Jesus.
A ideologia do império romano, que idealizava a
grandeza, a força, o poder e a violência, encantava e seduzia também os/as
discípulos/as de Jesus. O desejo e a expectativa que se manifesta em Tiago e
seu irmão não são exclusividade deles: de alguma forma, todos os discípulos e
discípulas estavam mais preocupados com suas ambições que com a defesa dos
vulneráveis e das vítimas. Eles desejavam honras e tronos, e estavam inquietos
com a demora!
A raiva mal disfarçada dos outros discípulos contra
os dois que se anteciparam revela tanto inveja e ressentimento como
concorrência. Pela resposta de Jesus ao pedido da mãe dos dois, resposta que é
dirigida a todos (Jesus fala no plural!), parece uma espécie de reação e
ressentimento por terem visto demolidos seus sonhos de poder e grandeza.
A novidade do Reino de Deus provoca uma guinada na
escala de valores. Jesus pede dos seus discípulos/as uma práxis radicalmente
alternativa em relação ao judaísmo e à cultura do império romano. A condição do
servo, proposto como modelo, se aproxima da condição social da criança, da vulnerabilidade,
da impotência e da irrelevância. Nada a ver com grandeza e os centros de
decisão, tudo a ver com a margem e as periferias!
Jesus não poderia ser mais claro: “Entre vocês não
deve haver dominação e tirania!” Na Igreja de Jesus não há lugar para senhores:
as funções são diferentes, mas a dignidade é a mesma. Todos/as são iguais! E
nisso, Jesus é, em primeira pessoa, modelo e caminho.
Meditação:
· Retome
a cena e as palavras, dando atenção a cada gesto, a cada personagem e a cada
palavra
· Em
que medida o desejo de grandeza, destaque e privilégio contamina hoje as
diversas lideranças da Igreja?
· O
que significa concretamente para você hoje ser o último da fila e o servidor
dos outros?
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