122 | Ano A | 26ª Semana Comum | Domingo | Mateus 21,28-32
(01/10/2023)
Jesus está em Jerusalém, no espaço do
templo, e a discussão é com a elite religiosa e social (chefes dos sacerdotes e
anciãos). Esta é a primeira de três parábolas que Jesus dirige à elite
religiosa que o persegue, nas imediações do templo, destino de todas as
romarias populares, em Jerusalém. Ele começa com uma pergunta, convocando os
interlocutores a tomarem posição, e é Jesus mesmo quem propõe uma interpretação
da parábola.
A ênfase da parábola está claramente colocada
na figura do pai e na prática concreta da sua vontade. Os dois filhos
mencionados na parábola são personagens que correspondem, por um lado, aos
pecadores/as, que aceitam a pregação de João Batista e de Jesus e se tornam
discípulos/as, e, por outro lado, à elite religiosa, que se fecha tanto a João
como a Jesus. Ambos são chamados a trabalhar na vinha. Um se nega, mas depois
vai; o outro responde sim, e depois não faz nada.
A interpretação de Jesus não deixa
dúvidas. Convocados a emitir um juízo sobre a atitude contrastante dos
personagens, os sacerdotes e anciãos se autocondenam. A sentença de Jesus é
clara e provocadora: os cobradores de impostos e as prostitutas (dois grupos
sociais catalogados pelos judeus piedosos entre os piores pecadores) precedem
(no presente!) a elite religiosa no Reino de Deus, porque aceitaram o caminho
da justiça e da conversão pregado por João. A elite, em vez disso, não
acreditou em João, e, nem mesmo vendo o testemunho deles, mudou de atitude.
Nossa adesão à vontade
do Pai deve ser firme e duradoura, e ser demonstrada em ações concretas.
Trata-se de um “caminho de justiça”, ou seja, de ação coerente com a pauta de
justiça, solidariedade e transformação do Reino de Deus. E jamais podemos esquecer
que a lógica de Deus não coincide necessariamente com a nossa lógica. Como no
texto que refletimos no último domingo, a ação de Deus em relação ao ser humano
não se orienta pelo mérito, mas pela necessidade. Ele não dá a cada pessoa
aquilo que ela merece, mas aquilo que ela necessita.
Meditação:
§ Releia atentamente a parábola e a
interpretação que o próprio Jesus dá a ela, chamando-nos a um caminho de
justiça
§ Será que às vezes também nós estaríamos
reduzindo a fé a puras intenções, palavras e promessas?
§ Será que também hoje, nós, que animamos nossas
Igrejas, não estaríamos sentindo-nos melhores e superiores que os outros/as?
§ Será que a adesão ao Evangelho e a mudança de
vida de muitas pessoas pobres e incultas não nos chamam a uma mudança?