106 | Ano A | Memória
N. Senhora das Dores | Lucas 2,33-35
(15/09/2023)
Ao que parece, a
devoção e a festa de Nossa Senhora das Dores remonta ao século XV, e tem origem
na cidade de Colônia (Alemanha). Segundo a tradição, as dores de Maria seriam infinitas,
por isso sintetizáveis em sete: a profecia de Simeão a respeito dela e de
Jesus; o exílio no Egito, com José e Jesus; e perda de Jesus no templo; o
encontro com Jesus no caminho da cruz; a crucificação de Jesus; a morte de
Jesus; o sepultamento de Jesus.
No encontro do
velho Simeão com o casal José e Maria e o filho recém-nascido resplandece uma
convicção: a bondade e a misericórdia de Deus brilham no mundo para todos os
povos, sem nenhuma exclusão. Jesus e a salvação de Deus não pertencem
exclusivamente ao povo de Israel. E essa é uma boa notícia que permite que
Simeão, representante de um povo que esperou por isso por séculos e séculos,
parta em paz.
Mas, como luz que
brilha para as nações (e não só para Israel), Jesus acaba também definindo a
sorte de todas as pessoas que o encontram: ele provoca discernimento, evidencia
as ambiguidades, torna-se fator de contradição, pedra de alicerce e, ao mesmo
tempo, pedra de tropeço. Diante dele e por ele, uns caem, outros se levantam;
uns são rebaixados, outros são elevados. A luz sempre mostra tanto o que há de
belo como o que há de feio em nós.
Esta profecia de
Simeão sobre Jesus recém-nascido causa admiração em José e Maria, que são
abençoados por ele. Simeão bendiz e abençoa os pais de Jesus (e não a Deus!),
para que eles possam contribuir positivamente na realização dessa missão. Mas,
dirigindo-se a Maria, adverte que ela sofrerá com o filho que trouxe no ventre
e carrega nos braços. O sofrimento de Maria não tem nada de particular e tudo
de comunitário e eclesial, pois antecipa o sofrimento que muitos discípulos e
discípulas provarão no futuro.
As dores de Maria
não se resumem às dores que sentiu ao ver o filho pregado na cruz. É também a
dor de ver que o filho é um profeta rejeitado; de ver um povo cansado, abatido,
esquecido por seus líderes, sem rumo; é também a dor que ela compartilha com
os/as discípulos/as missionários humilhados/as e perseguidos/as. E, hoje,
também a dor provocada pelos efeitos da pandemia.
Meditação:
·
Retome
cada palavra, imagem ou expressão usadas por Simeão na sua bela e exigente
profecia sobre Jesus, Maria e José
·
O
que significa celebrar Nossa Senhora das Dores no contexto de medo, angústia,
distanciamento, incertezas, dor e luto por pelas mais de 580 mil mortes, da pandemia
e da crise social que ela deflagrou?
·
Quais
são os pensamentos, sentimentos e projetos secretos ou disfarçados por nós que
um Deus crucificado traz à luz?
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