120 | Ano A | Festa de São Miguel, Gabriel e Rafael | João 1,47-51
(29/09/2023)
O calendário litúrgico da Igreja
católica nos convida a celebrar hoje a festa dos Santos Arcanjos Miguel,
Gabriel e Rafael. Segundo a doutrina católica, os anjos e arcanjos existem
realmente, e são servidores e comunicadores de Deus (cf. Catecismo 328-329).
Santo Agostinho, por sua vez, nos ensina que o substantivo “anjo” designa mais
uma tarefa ou uma ação (uma missão) do que um ser ou uma natureza.
De fato, no Antigo Testamento, o
substantivo hebraico mal’ak (que traduzimos por anjo) designa
o mensageiro de Javé, uma entidade que fala e age em nome dele. Mas a sagrada
Escritura não distingue claramente esse mensageiro do próprio Javé. A bíblia
oscila entre a ideia do anjo como personalização da presença e da ação divina e
a compreensão dele como um ser autônomo. Em todos os casos, mesmo fazendo parte
da doutrina da Igreja católica, os anjos e arcanjos não fazem parte da nossa
profissão de fé (Credo).
A cena e a Palavra de Jesus
apresentadas pelo evangelho que meditamos hoje estão no contexto do encontro de
Jesus com os primeiros discípulos. Natanael, autêntico representante do povo de
Israel, faz a experiência de ser escolhido e amado por Jesus antes de
conhece-lo. Sua profissão de fé e sua adesão a Jesus estão no horizonte da fé
nacionalista do seu povo, e oferece o contexto adequado para a primeira
autodeclararão de Jesus.
Apresentando-se como templo, casa ou
comunicação de Deus, Jesus nos reporta à imagem da escada que Jacó viu em sonho,
ligando a terra ao céu (cf. Gn 28,11-17), e que o levou a reconhecer a presença
de Javé naquele lugar aparentemente vazio de Deus. Com isso, Jesus está falando
de si como o Anjo do Pai, como o “lugar” ou a mediação da presença, como
comunicação ou a relação permanente de Deus com a humanidade.
Acenando
à imagem dos anjos que descem e sobem sobre o filho do homem, Jesus dá a
entender que nele habita a glória ou o amor compassivo fiel de Deus, e se
apresenta como acesso contínuo e permanente a Deus. Jesus não está interessado
em provar a existência de anjos, mas em mostrar que ele é essa comunicação e
presença que os anjos querem significar.
Meditação:
§ Que
papel você atribui aos anjos na vivência da sua fé, e o que você pede ou espera
deles?
§ O
que significa para nós hoje crer que Jesus é o “anjo” de Deus, o espaço e o
lugar humano no qual Deus habita e se comunica de modo pleno e permanente com a
Humanidade?
§ Como
viver o encontro com Jesus e seu Evangelho como um caminho para superar nossas
visões limitadas de Deus?
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