Ano A | 23ª
Semana Comum | Domingo | Lucas 6,6-11
(11/09/2023)
Passada a semana da pátria, e enquanto no Sul do
Brasil choramos dezenas de mortes e lamentamos uma enorme destruição, a cena do
evangelho de hoje apresenta-nos Jesus desafiando as leis e instituições e
colocando a pessoa e suas necessidades acima de tudo. Acima das prioridades
desse ou daquele governo, acima do teto ou do arcabouço fiscal, acima dos
sacramentos e das diversas normas e orientações da Igreja está a pessoa humana concreta.
Jesus está na sinagoga, em dia de sábado: lugar sagrado,
dia sagrado, império absoluto da lei e das tradições. Mas nada disso consegue
reabilitar aquele homem com mão seca. Com essa enfermidade, ele está impedido
de agir, de fazer algo bom. A sinagoga, os fariseus e as tradições o ignoram,
não podem ou não querem tomar conhecimento da sua marginalização nem
reabilitá-lo. O legalismo, o formalismo e o patriotismo são estéreis!
O homem, embora necessitado de ajuda, não pede
nada. É Jesus que toma a iniciativa, chama aquele homem vulnerável para o
centro da roda e interpela os líderes religiosos que o espreitam: “O que é
permitido fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar uma vida ou deixar que se
perca?” Eles sabiam que a lei permitia agir em caso de necessidade, mas
preferiam calar e permanecer indiferentes. Para Jesus, ser omisso e indiferente
já significa fazer o mal!
A ação de Jesus, assim como sua pergunta, é
claramente provocatória. Ele não espera qualquer resposta, mas um exame de
consciência daqueles que o criticam e condenam. Curando o homem em dia de
sábado, ele desmonta a sustentação ideológica dos escribas e fariseus, acusa-os
de fazer o mal no dia sagrado e mostra a esterilidade das instituições e causas
que eles defendem. O que está acima de tudo é o cuidado, a defesa e a promoção
da vida, e não as tradições, o cuidado de si ou a pátria.
“A vida em primeiro lugar!”, e não a economia, o
teto fiscal, o equilíbrio das contas, a louca vontade de um misterioso mercado,
que é o nome que damos para encobrir os especuladores. Ser discípulo de Jesus, significa
agir como ele, fazer a sua vontade, ser seu responsável pelo seu Reino.
Meditação:
§ Retome a cena, inserindo-se nela, e observe
atentamente o que dizem e o que fazem Jesus, os fariseus e o homem doente
§ Você é capaz de perceber como algumas
instituições defendem mais as leis e seus interesses que a dignidade das
pessoas?
§ Você percebe que, colocando a pessoa no
centro, Jesus desvela a esterilidade do tradicionalismo, do legalismo e do
patriotismo?
§ Em que medida você ainda defende, ao menos na
prática, a prioridade das leis e costumes sobre as necessidades das pessoas?
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