Ano A | 23ª
Semana Comum | Domingo | Mateus 18,15-20
(10/09/2023)
Mateus dedica os capítulos 16 a 18 para nos
apresentar o empenho de Jesus na formação dos seus discípulos no modo de vida
inspirado no Reino de Deus. Temos aqui as orientações fundamentais para que a
comunidade cristã viva um estilo de vida liminar: alternativo, inovador,
profético e crítico aos estilos então culturalmente habituais e politicamente predominantes.
Embora seja chamada a ser alternativa, a comunidade
dos discípulos/as não é perfeita. As tensões e conflitos são inevitáveis. Às
vezes, as lideranças são intolerantes em relação aos erros dos seus irmãos e
irmãs. Para evitar que os membros da comunidade fiquem à mercê do humor das
autoridades, Jesus traça um caminho pedagógico, em quatro passos. O objetivo é
ajudá-los a tomar consciência dos erros e mudar de atitude.
O ponto de partida é a convicção de que a ofensa
recíproca é algo sério, algo que precisa ser resolvido, e não ser posto “embaixo
do tapete”. O primeiro passo é um diálogo pessoal e fraterno, para que o/a
ofensor/a reconheça seu deslize. Se isso não resolve, volta-se a conversar com
ele/a na presença de testemunhas. Se também isso resultar em fracasso, a
questão é levada à comunidade dos discípulos/as. Mas nem assim o êxito está
garantido!
Se as três tentativas resultarem em nada, a ruptura
então pode ser declarada publicamente. Mas a missão reconciliadora dos cristãos
fiéis não termina com esta declaração. Colocando os/as ofensores/as resistentes
no grupo dos publicanos e pecadores, Jesus está dizendo que eles são campo
permanente de missão, como ele mesmo o demonstrou sobejamente. Longe de Jesus
tolerar ou ratificar práticas de exclusão definitiva!
Jesus pede paciência e lucidez na relação com as
pessoas que erram, ou seja, com todos os membros da comunidade. A comunidade
cristã (e não apenas Pedro!) tem a faculdade de atar e desatar, ou seja: de
discernir quem está dentro e quem se coloca fora dela. Mas é sempre o próprio
Jesus que manifesta sua inesgotável misericórdia por sua presença e ação na
comunidade dos discípulos e discípulas que se deixam reconciliar.
Meditação:
§ Retome esta lição de Jesus, passo a passo,
frase por frase; se possível, leia também os versículos anteriores (v. 1-14)
§ Como você, sua família e sua comunidade
enfrentam os conflitos e tensões de relacionamento e convivência?
§ Por que é sempre mais fácil queixar-se das
pessoas que nos ofendem ou prejudicam a terceiros, evitando falar com elas?
§ Reflita sobre o que significa, na perspectiva
de Jesus, tratar os/as ofensores/as como gentios ou cobradores de impostos?
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