111 | Ano A | 24ª Semana Comum | Terça-feira | Lucas 7,31-35
(20/09/2023)
A cena de hoje
está literariamente situada depois do elogio de Jesus ao soldado romano que
pediu sua intervenção em favor de um empregado seu (7,1-10) e da devolução da
vida ao filho da viúva de Naim (7,11-17), e em seguida às perguntas de João
Batista sobre Jesus e de seu comentário elogioso a ele (7,18-30), episódio
omitido pela sequência da liturgia diária. A parábola e o comentário de Jesus
no texto de hoje estão ligados a figura do Batista.
Para desmascarar
as resistências e contradições daqueles que resistiam à sua proposta
(principalmente os fariseus e mestres da lei), Jesus apresenta uma cena
pitoresca e muito popular em pequenas cidades interioranas: um grupo de
crianças brincando na praça, umas tocando música e outras indiferentes ao que
as primeiras fazem e transmitem. As crianças-artistas tocam músicas alegres e
as outras não dançam; tocam músicas tristes, e ninguém chora ou entoa
lamentações.
Os dois estilos de
música são uma alusão aos diferentes caminhos de salvação oferecidos por João e
por Jesus. Os interlocutores judeus nunca estão satisfeitos ou de acordo. A
referência é clara: a mensagem de João Batista não foi aceita porque era muito
dura e exigente (jejum e penitência); e Jesus é criticado por parecer-lhes
muito permissivo (come e bebe, partilhando a mesa com pecadores e gente
suspeita). São duas perspectivas diversas que enfrentam a mesma resistência à
mudança.
Mas essa
resistência não é exclusividade dos fariseus e doutores da lei. Os próprios
discípulos/as resistem à novidade anunciada e inaugurada por Jesus, e até se
atrevem a propor reparos. Pensam que amor aos inimigos seria uma proposta
inocente e inadequada, e defendem a ideia de que há gente que não merece o
perdão, ao menos um perdão sem limites, como nos lembrava a pergunta de Pedro a
Jesus no evangelho do último domingo.
Jesus arremata seu
questionamento em linguagem parabólica com uma afirmação um pouco obscura: “Mas
a sabedoria foi justificada por todos os seus filhos”. Os filhos/as da
sabedoria, as pessoas que ouvem e compreendem Jesus, são os pobres e
pecadores/as, e não os fariseus, os doutores da lei ou a casta sacerdotal. E
nós, como reagimos hoje ao ensino libertário de Jesus?
Meditação:
§ Retome a cena pitoresca proposta por Jesus e
procure relacioná-la com os diferentes grupos de cristãos que você conhece
§ Você não se vê, às vezes, desejando propor
reparos em aspectos essenciais da proposta de Jesus? Quais?
§ Leia algo sobre a vida dos santos Cornélio e
Cipriano, cuja memória celebramos hoje, e procure relacioná-la com o evangelho
de hoje
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