Ano A | 22ª
Semana Comum | Terça-feira | Lucas 4,31-37
(05/09/2023)
Depois da estreia aparentemente malsucedida em
Nazaré, sua terra, Jesus volta a Cafarnaum, onde já havia atuado e causara
forte impressão. Como pregador itinerante, ele prioriza o ensino aos sábados,
nas sinagogas, que são lugares de encontro do povo que vivia nas aldeias e
pequenas cidades.
As sinagogas são o lugar da Palavra, um espaço
controlado de modo quase absoluto pelos doutores da lei e pelos fariseus. E é
ali, em dia de sábado, que Jesus realiza o primeiro sinal narrado por Lucas. E
é também ali, e por causa desse sinal, que Jesus começa a ser hostilizado, e onde
ressoa pela primeira vez a pergunta: “Que palavra é essa? Quem é esse homem?”
O primeiro sinal (ou milagre) de Jesus, que faz
parte do seu ministério de emancipação e libertação das pessoas dominadas pelas
forças que oprimem e escravizam, é a cura de uma pessoa dominada por um
“espírito impuro”. Trata-se de uma pessoa despersonalizada, que perdeu sua
identidade e é conduzida por poderes e forças misteriosas, exteriores a si
mesmo.
A cena deixa transparecer uma luta de mensagens ou
uma disputa de espaços entre o Ungido pelo Espírito e os Doutores da Lei. No
grito do homem doente o que ressoa é a percepção e a voz dos doutores da lei: “Viestes
para nos destruir?” A reação do povo é a admiração diante de uma palavra eficaz
e libertadora, de uma palavra que tem autoridade.
O Evangelho da misericórdia e da compaixão de Deus
cala a voz dos defensores de uma lei que discrimina e condena. Jesus não vem
insistir no cumprimento da lei e no pagamento das dívidas contraídas pelo
pecado, mas anunciar e inaugurar um tempo de graça e compaixão. E é isso que
impressiona e causa admiração e esperança no povo cansado e abatido.
Grande
notícia e belo desafio para os discípulos/as missionários/as: experimentar,
anunciar e testemunhar essa boa e alentadora notícia. A resposta de fé
suscitada pelo encontro com Jesus não se reduz ao culto e ao louvor, mas pede
um engajamento cotidiano na tarefa de libertar os irmãos e irmãs e fazer este
mundo melhor.
Meditação:
§ Retome pacientemente o episódio narrado por
Lucas, acompanhando tudo com os olhos da imaginação
§ Sua compreensão sobre o Evangelho do Reino é
essa de Jesus: uma boa notícia libertadora para todos os tipos de vítima?
§ Qual é o lugar e a força de transformação que
o Evangelho, a Boa Notícia de Jesus, tem na sua vida?
§ O que o Evangelho de Jesus provoca em você:
admiração e entusiasmo ou medo e inquietação?
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