segunda-feira, 18 de setembro de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (110)

110 | Ano A | 24ª Semana Comum | Terça-feira | Lucas 7,11-17

(19/09/2023)

No episódio de ontem, que antecede a cena de hoje, um oficial do exército romano recorreu a Jesus em benefício do seu filho, mesmo não se considerando digno de se dirigir a ele. No episódio de hoje, é Jesus quem se aproxima de uma viúva que acaba de perder seu único filho e, movido pela compaixão, diz-lhe palavras de consolação e devolve-lhe o filho com vida.

A cena é comovente. Duas pequenas multidões se encontram na porta de uma pequena cidade: uma acompanha Jesus, o dador e fonte da vida; outra acompanha um jovem corpo sem vida e uma viúva absolutamente desamparada. A viúva em prantos é a figura simbólica da pessoa pobre e sem amparo. Sem marido e sem filho que possa cuidá-la e administrar a pouca herança do marido, é como se fosse uma não cidadã, uma pessoa invisível.

Diversamente do chefe do exército da cena anterior, a pobre viúva não pede nada, pois não tinha forças nem para isso. É Jesus que se aproxima dela e, mergulhando no seu desespero, procura consolá-la. A exortação a não chorar poderia soar como insulto se Jesus não tocasse no caixão e não pedisse que o cortejo da morte parasse. Com o gesto de tocar o caixão, Jesus derruba o muro imaginário que separa o mundo dos vivos e o mundo dos mortos.

Mostrando a força da sua Palavra, aquela força libertadora que o centurião romano recém havia reconhecido, Jesus ordena que o jovem morto se levante, se coloque de pé. A força da sua Palavra é tal que o jovem não apenas se coloca de pé, mas também começa a falar, retomando seu lugar nas relações sociais. E, uma vez que sua vitalidade e seus vínculos foram suscitados de novo (ressuscitados) ele é entregue à sua mãe para ser seu arrimo.

A reação das duas multidões é dupla: foram tomados de medo e glorificaram a Deus. Ou seja, reconheceram no acontecimento a revelação do poder libertador de Deus e a Jesus como grande profeta e dador de vida. Jesus é o próprio Deus infinito que visita e liberta seu povo. Como Elias e Jeremias, Jesus é parte da comunidade dos profetas perseguidos. A admiração (ou medo) é a reação diante da presença misteriosa de Deus, e o louvor é pelo bem que essa presença traz à humanidade.

 

Meditação:

§  Leia atentamente este texto denso e belo, prestando atenção aos personagens e aos dois cortejos: o cortejo da morte, que sai da cidade; o cortejo da vida, que entra na cidade com Jesus

§  Os traços da imagem de Jesus que apresentamos em nossas pregações correspondem à que aparece neste episódio?

§  Que atenção damos as pessoas e grupos que batem à nossa porta e às portas das Igrejas pedindo socorro para seus desesperos?

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