110 | Ano A | 24ª Semana Comum | Terça-feira | Lucas 7,11-17
(19/09/2023)
No episódio de
ontem, que antecede a cena de hoje, um oficial do exército romano recorreu a
Jesus em benefício do seu filho, mesmo não se considerando digno de se dirigir
a ele. No episódio de hoje, é Jesus quem se aproxima de uma viúva que acaba de
perder seu único filho e, movido pela compaixão, diz-lhe palavras de consolação
e devolve-lhe o filho com vida.
A cena é
comovente. Duas pequenas multidões se encontram na porta de uma pequena cidade:
uma acompanha Jesus, o dador e fonte da vida; outra acompanha um jovem corpo
sem vida e uma viúva absolutamente desamparada. A viúva em prantos é a figura
simbólica da pessoa pobre e sem amparo. Sem marido e sem filho que possa
cuidá-la e administrar a pouca herança do marido, é como se fosse uma não
cidadã, uma pessoa invisível.
Diversamente do
chefe do exército da cena anterior, a pobre viúva não pede nada, pois não tinha
forças nem para isso. É Jesus que se aproxima dela e, mergulhando no seu
desespero, procura consolá-la. A exortação a não chorar poderia soar como
insulto se Jesus não tocasse no caixão e não pedisse que o cortejo da morte
parasse. Com o gesto de tocar o caixão, Jesus derruba o muro imaginário que
separa o mundo dos vivos e o mundo dos mortos.
Mostrando a força
da sua Palavra, aquela força libertadora que o centurião romano recém havia
reconhecido, Jesus ordena que o jovem morto se levante, se coloque de pé. A
força da sua Palavra é tal que o jovem não apenas se coloca de pé, mas também
começa a falar, retomando seu lugar nas relações sociais. E, uma vez que sua
vitalidade e seus vínculos foram suscitados de novo (ressuscitados) ele é
entregue à sua mãe para ser seu arrimo.
A reação das duas
multidões é dupla: foram tomados de medo e glorificaram a Deus. Ou seja,
reconheceram no acontecimento a revelação do poder libertador de Deus e a Jesus
como grande profeta e dador de vida. Jesus é o próprio Deus infinito que visita
e liberta seu povo. Como Elias e Jeremias, Jesus é parte da comunidade dos
profetas perseguidos. A admiração (ou medo) é a reação diante da presença
misteriosa de Deus, e o louvor é pelo bem que essa presença traz à humanidade.
Meditação:
§ Leia atentamente este texto denso e belo,
prestando atenção aos personagens e aos dois cortejos: o cortejo da morte, que
sai da cidade; o cortejo da vida, que entra na cidade com Jesus
§ Os traços da imagem de Jesus que apresentamos em
nossas pregações correspondem à que aparece neste episódio?
§ Que atenção damos as pessoas e grupos que batem à
nossa porta e às portas das Igrejas pedindo socorro para seus desesperos?
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