108 | Ano A | 24ª Semana Comum | Domingo | Mateus 18,21-35
(17/09/2023)
Deus não está
sujeito aos interesses e expectativas de pequenos grupos, pois sua lógica é
diferente: ele prioriza as pessoas e grupos sociais mais necessitados, que não
contam e não valem aos olhos de quem controla o poder, aqueles/as que são
“diferentes” e, por isso, menosprezados/as. Cabe-nos fazer nossa essa compaixão
sem fronteiras que Deus nos revela em Jesus de Nazaré. Precisamos ter os mesmos
“sentimentos” de Jesus.
No texto de hoje,
no ensino inserido na quarta “cartilha de formação dos/as discípulos/as”, Jesus
sublinha a necessidade do perdão recíproco. Depois de ter falado sobre a
“pedagogia evangélica” para corrigir quem vive fora dos parâmetros do Reino de
Deus, Jesus é interrogado por Pedro, em nome dos discípulos, e responde com uma
parábola e uma declaração muito incisiva.
A atitude do rei
é sempre problemática, e ele não representa propriamente a ação de Deus, a não
ser em um único aspecto, que veremos mais tarde. O rei da parábola é igualzinho
aos demais, que age oprimindo os mais fracos. A compaixão e o perdão concedidos
ao escravo endividado “até o pescoço” não é incondicional nem definitivo, tanto
que foi logo revogado, e o escravo foi torturado impiedosamente. Nossa atenção
deve focar a atitude do escravo.
Este, tendo sido
perdoado e reestabelecido em sua dignidade e liberdade, mostra-se incapaz de
fazer o mesmo com seu companheiro, cuja dívida é infinitamente menor, age com
crueldade inesperada e acaba provocando a violência do rei, que estava momentaneamente
esquecida. Esta atitude do escravo perdoado, que mostra mais autoridade e
crueldade que o próprio rei, acaba desvelando a “fraqueza” do rei, e é isso que
o irrita e faz voltar atrás.
É apenas nisso –
na intolerância com a falta de reconciliação com os iguais – que Deus se
assemelha ao rei. Deus é pai, sua compaixão é eterna e seu perdão é
irrevogável, mas “perde a estribeira” quando seus filhos e filhas se mostram
incapazes de compaixão e perdão. Seu amor incondicional por nós tem
consequências! Numa situação de relações frágeis, o perdão é absolutamente
indispensável.
Meditação:
§ Leia
atentamente a descrição desse episódio, especialmente a parábola com a qual
Jesus ilustra seu ensino aos discípulos/as
§ Em
que exatamente a atitude permanente e fundamental de Deus Pai se assemelha ao
comportamento do rei?
§ Por
que nos custa tanto perdoar os outros/as? Será que nos falta consciência da enormidade
dos débitos que nos foram perdoados?
§ Quem
são as pessoas a quem você deve pedir perdão, e quem são aquelas a quem você
deve perdoar hoje?
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