sábado, 16 de setembro de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (108)

108 | Ano A | 24ª Semana Comum | Domingo | Mateus 18,21-35

(17/09/2023)

Deus não está sujeito aos interesses e expectativas de pequenos grupos, pois sua lógica é diferente: ele prioriza as pessoas e grupos sociais mais necessitados, que não contam e não valem aos olhos de quem controla o poder, aqueles/as que são “diferentes” e, por isso, menosprezados/as. Cabe-nos fazer nossa essa compaixão sem fronteiras que Deus nos revela em Jesus de Nazaré. Precisamos ter os mesmos “sentimentos” de Jesus.

No texto de hoje, no ensino inserido na quarta “cartilha de formação dos/as discípulos/as”, Jesus sublinha a necessidade do perdão recíproco. Depois de ter falado sobre a “pedagogia evangélica” para corrigir quem vive fora dos parâmetros do Reino de Deus, Jesus é interrogado por Pedro, em nome dos discípulos, e responde com uma parábola e uma declaração muito incisiva.

A atitude do rei é sempre problemática, e ele não representa propriamente a ação de Deus, a não ser em um único aspecto, que veremos mais tarde. O rei da parábola é igualzinho aos demais, que age oprimindo os mais fracos. A compaixão e o perdão concedidos ao escravo endividado “até o pescoço” não é incondicional nem definitivo, tanto que foi logo revogado, e o escravo foi torturado impiedosamente. Nossa atenção deve focar a atitude do escravo.

Este, tendo sido perdoado e reestabelecido em sua dignidade e liberdade, mostra-se incapaz de fazer o mesmo com seu companheiro, cuja dívida é infinitamente menor, age com crueldade inesperada e acaba provocando a violência do rei, que estava momentaneamente esquecida. Esta atitude do escravo perdoado, que mostra mais autoridade e crueldade que o próprio rei, acaba desvelando a “fraqueza” do rei, e é isso que o irrita e faz voltar atrás.

É apenas nisso – na intolerância com a falta de reconciliação com os iguais – que Deus se assemelha ao rei. Deus é pai, sua compaixão é eterna e seu perdão é irrevogável, mas “perde a estribeira” quando seus filhos e filhas se mostram incapazes de compaixão e perdão. Seu amor incondicional por nós tem consequências! Numa situação de relações frágeis, o perdão é absolutamente indispensável.

 

Meditação:

§  Leia atentamente a descrição desse episódio, especialmente a parábola com a qual Jesus ilustra seu ensino aos discípulos/as

§  Em que exatamente a atitude permanente e fundamental de Deus Pai se assemelha ao comportamento do rei?

§  Por que nos custa tanto perdoar os outros/as? Será que nos falta consciência da enormidade dos débitos que nos foram perdoados?

§  Quem são as pessoas a quem você deve pedir perdão, e quem são aquelas a quem você deve perdoar hoje?

Nenhum comentário: