quarta-feira, 13 de setembro de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (108)

Ano A | Festa da Exaltação da Santa Cruz | João 3,13-17

(14/09/2023)

O texto que nos é proposto à meditação está relacionado com a festa litúrgica de hoje: a exaltação da Santa Cruz. É uma celebração que vem desde o ano 335, quando foi celebrada a dedicação de duas basílicas, na colina do Gólgota, em Jerusalém: a basílica da Santa Cruz e basílica da Ressurreição.

Não deixa de ser estranho, ao menos do ponto de vista histórico e sociológico, exaltar a cruz, recorrente instrumento de tortura e morte usado pelo império romano contra seus “inimigos”. Seria como expor no centro dos nossos templos, ou carregar no peito ou estampadas em nossas camisas, imagens do “pau de arara”, de um fuzil ou de um revólver. Alguns até gostariam, como nos revelam algumas imagens que marcaram as últimas campanhas eleitorais...

Mas, para os cristãos, mesmo que pareça paradoxal, a cruz não é memória da violência ou da derrota, mas a expressão mais clara e contundente do amor sem limites de Deus pela humanidade. Pregado na cruz, Jesus é a imagem de um Deus apaixonado, o protótipo do ser humano maduro e livre como o quis Deus, criado à sua imagem e semelhança.

Na cruz é como que assinada a aliança de Deus com a humanidade: sua vontade é totalmente positiva (que todos tenham vida em abundância), universal (inclui todas as pessoas e grupos humanos) e irreversível (ele não volta atrás em sua paixão pela humanidade). Um Deus crucificado exclui todo resquício ou ameaça de indiferença ou de punição.

Na vida de Jesus, mesmo sendo uma imposição dos poderes constituídos, a cruz é a efusão da compaixão de Deus, e não um acontecimento inesperado ou passageiro. Ela toma o lugar da lei, torna-se ponto de partida e de convergência da vida cristã, e expressa a presença permanente e libertadora de Deus no mundo, e não apenas no coração das pessoas.

A cruz traz a assinatura de Deus: ele continua amando o mundo e o que nele existe, e exclui de seu horizonte punições e castigos. Aderir a um Deus crucificado por amor significa afirmar o amor, e não o poder, o sucesso ou as armas, como princípio, como meta e como caminho, custe o que custar. Fora disso, nossa fé seria vazia, e nossos símbolos seriam falsos, ou então armas letais disfarçadas de piedade.

 

Meditação:

·    Retome cada palavra e expressão, em forma negativa ou em forma positiva, e deixe que ressoem em você

·    Você ainda só consegue ver na cruz dor, abandono e sofrimento, ou consegue fixar nela seu olhar e contemplar o amor de Deus?

·    O que significa a expressão “Deus amou tano o mundo” (organização humana, humanidade), em vez de “Deus amou tanto os indivíduos”?

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