sábado, 23 de setembro de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (115)

115 | Ano A | 25ª Semana Comum | Domingo | Mateus 20,1-16

(24/09/2023)

Quem quiser ser discípulo/a de Jesus precisa ter sabedoria e decisão para encarnar o reino de Deus em todas as suas relações. No horizonte da utopia de Jesus, justiça e a bondade não estão no mérito e na aplicação da lei do “cada um recebe o que merece”. A lógica do Reino de Deus inverte os valores, e estabelece a prioridade dos últimos e desprezados sobre os ricos e privilegiados

Na parábola de hoje, o personagem central é um chefe de família patriarcal (não exatamente um rei ou um patrão). A primeira cena trata da contratação de diaristas para trabalhar no seu campo. Mas tudo está focado na segunda cena, ou seja, no acerto de contas pelo trabalho realizado pelos trabalhadores contratados em diferentes horas do dia. A todos o chefe da família prometera pagar o que seria justo, e não um valor estabelecido.

As pessoas contratadas na primeira hora assistiram ao pagamento das últimas, que receberam, por poucas horas de trabalho, um valor que permitia a subsistência diária, e isso estimulou-lhes a expectativa de que receberiam bem mais, pois haviam feito por merecer. Mas o contratante não se orienta pela meritocracia, e sim pela justiça e pela bondade, e retribui a todas igualmente.

O grupo que se julga merecedor de uma retribuição maior se irrita por ter sido igualado aos demais. De fato, o pai de família não age conforme o costume, não reforça a superioridade, a competição e a distinção de classes. A irritação deles brota da inconformidade por terem sido igualados aos mais necessitados. Eles protestam contra a afirmação da igualdade fundamental de todos! A atitude do pai de família corrói o sistema de competição, que consagra a desigualdade.

Com esta parábola, Jesus nos convoca a tomar uma posição radical, como ele mesmo o fez: assumir um estilo de vida alternativo também na economia, agindo na perspectiva do Reino de Deus, guiando-se pela necessidade das pessoas e pela gratuidade, ou pela economia do dom, como a chama o Papa Francisco.

Será que também nós, depois de dois mil anos de cristianismo, caímos na armadilha de nos sentir melhores que os outros? Em que medida ainda tratamos as pessoas, grupos, religiões e classes sociais a partir daquilo que achamos que ‘merecem”? Chegamos a perceber que a lógica de Deus é outra, é diferente?

 

Meditação:

§  Com esta parábola, Jesus provoca fortemente as pessoas, tanto os judeus como seus discípulos, a superar a lógica do mérito

§  Ser bom e perfeito, como desejava o jovem rico, implica em desfazer a lógica que sobrepõe classes, nações e gêneros, e que coloca uns acima dos outros

§  Deixe ressoar em você a afirmação clara e provocativa de Jesus mediante a parábola do patriarca generoso e solidário

§  Peça a Jesus a graça de se comprometer e se alegrar com os pequenos e grandes sinais de emancipação dos pobres

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