115 | Ano A | 25ª Semana Comum | Domingo | Mateus 20,1-16
(24/09/2023)
Quem quiser ser discípulo/a de Jesus
precisa ter sabedoria e decisão para encarnar o reino de Deus em todas as suas
relações. No horizonte da utopia de Jesus, justiça e a bondade não estão no
mérito e na aplicação da lei do “cada um recebe o que merece”. A lógica do
Reino de Deus inverte os valores, e estabelece a prioridade dos últimos e
desprezados sobre os ricos e privilegiados
Na parábola de hoje, o personagem central é um
chefe de família patriarcal (não exatamente um rei ou um patrão). A primeira
cena trata da contratação de diaristas para trabalhar no seu campo. Mas tudo
está focado na segunda cena, ou seja, no acerto de contas pelo trabalho
realizado pelos trabalhadores contratados em diferentes horas do dia. A todos o
chefe da família prometera pagar o que
seria justo, e não um valor estabelecido.
As pessoas contratadas na primeira hora assistiram
ao pagamento das últimas, que receberam, por poucas horas de trabalho, um valor
que permitia a subsistência diária, e isso estimulou-lhes a expectativa de que
receberiam bem mais, pois haviam feito por merecer. Mas o contratante não se
orienta pela meritocracia, e sim pela justiça e pela bondade, e retribui a
todas igualmente.
O grupo que se julga merecedor de uma retribuição
maior se irrita por ter sido igualado aos demais. De fato, o pai de família não
age conforme o costume, não reforça a superioridade, a competição e a distinção
de classes. A irritação deles brota da inconformidade por terem sido igualados
aos mais necessitados. Eles protestam contra a afirmação da igualdade
fundamental de todos! A atitude do pai de família corrói o sistema de
competição, que consagra a desigualdade.
Com esta parábola, Jesus nos convoca a tomar uma
posição radical, como ele mesmo o fez: assumir um estilo de vida alternativo
também na economia, agindo na perspectiva do Reino de Deus, guiando-se pela
necessidade das pessoas e pela gratuidade, ou pela economia do dom, como a
chama o Papa Francisco.
Será que também nós, depois de dois mil
anos de cristianismo, caímos na armadilha de nos sentir melhores que os outros?
Em que medida ainda tratamos as pessoas, grupos, religiões e classes sociais a
partir daquilo que achamos que ‘merecem”? Chegamos a perceber que a lógica de
Deus é outra, é diferente?
Meditação:
§ Com
esta parábola, Jesus provoca fortemente as pessoas, tanto os judeus como seus
discípulos, a superar a lógica do mérito
§ Ser
bom e perfeito, como desejava o jovem rico, implica em desfazer a lógica que
sobrepõe classes, nações e gêneros, e que coloca uns acima dos outros
§ Deixe
ressoar em você a afirmação clara e provocativa de Jesus mediante a parábola do
patriarca generoso e solidário
§ Peça
a Jesus a graça de se comprometer e se alegrar com os pequenos e grandes sinais
de emancipação dos pobres
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