305 | Ano B | Oitava da Páscoa | Segunda | Mateus
28,8-15
01/04/2024
Crer na
ressurreição de Jesus Cristo é mais uma tarefa que um ato de submissão ou
concessão intelectual. Crer é caminhar, e crer em Jesus crucificado e
ressuscitado significa percorrer com ele os caminhos do Reino de Deus,
fazendo-se semente que não teme desfazer-se no ventre da terra, em gestos e
sinais sempre frágeis mais infinitamente potentes e eloquentes.
Maria Madalena e
“as outras marias” viram um anjo rolando a pedra que lacrava a sepultura de
Jesus, em meio a um terremoto que derrubou os guardas, souberem que a sepultura
não reteve Jesus e que ele caminhava à frente delas para a Galileia. Mas já antes de fazerem o percurso de volta
de onde haviam vindo seguindo Jesus, ele se manifesta e confere a elas um
mandato apostólico: “Vão avisar meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Aí
eles me verão”.
Em clara oposição
a esta alvissareira notícia e percurso do centro à periferia, os guardas vão à
chefia do templo. E lá selam a mentira que acompanhou todo o processo movido
contra Jesus: a elite subornou os guardas para que divulgassem a falsa notícia
segundo a qual Jesus continuava morto, mas seu corpo havia sido roubado pelos
discípulos. Na verdade, a memória viva de Jesus havia “tomado corpo” na missão
e no testemunho corajoso dos/as discípulos/as.
Aquelas duas
mulheres madrugadoras haviam intuído os dois pilares fundamentais da fé em
Jesus Cristo: ele não faz parte do clube dos mortos, eliminados e anulados
pelos poderosos; ele se deixa encontrar nas periferias e nas fronteiras, onde a
dominação assume mil formas e os sinais do Reino de Deus avançam discreta e
irreversivelmente. Os/as discípulos/as de Jesus não se deixam intimidar e menos
ainda derrotar pela execução patrocinada pelos poderes estabelecidos, enquanto
estes tremem, mentem e subornam para não aceitar a reviravolta.
Mas contra tudo e contra todos, estas
mulheres, sustentadas pelos sutis fios da esperança, confiam plenamente naquilo
que ouvem, e se tornam alegres testemunhas, reúnem os discípulos e “refundam” a
Igreja.
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Leia
atentamente, sem pressa e com todos os sentidos, palavra por palavra, gesto por
gesto, esta cena protagonizada pelas discípulas
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Por que
elas, os fios mais frágeis que tecem a rede social e eclesial, são as primeiras
a saber, a ver e a anunciar a ressurreição?
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Terá o
corpo masculino da Igreja caído sob a influência dos “podres poderes”,
esquecido a força criadora e desconfiado delas?
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Como
podemos resgatar hoje o papel essencial das mulheres no testemunho da
ressurreição e na reconstrução da Igreja?
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O que
significa hoje afirmar que Jesus “vai à nossa frente” e poderemos vê-lo na
Galileia, onde iniciara sua missão?