280 | Ano B | 3ª Semana da Quaresma | Quinta | Lucas 11,14-23
07/03/2024
Jesus acabara de ensinar os discípulos a rezar, sublinhando a necessidade de pedir com confiança. Mas isso não o livra de reações diversas e contraditórias frente à sua pessoa e às suas ações. Enquanto as multidões ficam admiradas com seu ensino e suas ações libertadoras, as autoridades religiosas questionam suas credenciais e em nome de quem ele vive, prega e age.
Por ocasião da libertação de uma pessoa do domínio do demônio, os questionamentos viram acusação: “É pelo chefe dos demônios que ele expulsa os demônios”. É a mais grave acusação que pode ser dirigida a uma pessoa: ser aliado do demônio. Partindo dessa acusação, Jesus discorre sobre o sentido do que ele faz, questiona as práticas do judaísmo e alerta seus discípulos.
Quando liberta uma pessoa de algo que limita ou mutila sua personalidade, Jesus não age como quem realiza sinais espetaculares para impressionar, nem recorre a poderes mágicos. As curas e libertações que opera, sempre em benefício de pessoas vulneráveis e necessitadas, são sinais eficazes do dinamismo do Reino de Deus que está ativo no mundo. Ele não é enviado ou parceiro do diabo, mas filho e enviado de Deus.
Para refutar a grave acusação dirigida contra ele, Jesus recorre a duas experiências muito familiares aos seus ouvintes: um reino dividido prepara a própria ruína; ninguém combate a si mesmo, nem desfere tiros nos amigos; quando a casa de um homem forte e bem armado é atacada e dominada por outro homem mais forte ainda, o dono acaba expulso e seus bens mudam de dono. Jesus é esse homem mais forte, que restituiu a liberdade a todas as pessoas vítimas dos agentes do mal e expulsa o “dominador”.
Jesus faz uma advertência a todos/as os/as que foram acolhidos e justificados por ele: ninguém pode se sentir imunizado e melhor que os outros, nem considerar a salvação como merecida. Nossa liberdade se mantém e se renova na luta pela liberdade dos outros. Nossa condição de filhos/as, irmã/os e herdeiros/as é sempre precária, e precisa ser reassumida diariamente.
Meditação:
Leia atentamente esta breve, tensa e complexa discussão de Jesus com seus acusadores, que são lideranças religiosas do judaísmo
Acusações semelhantes àquela feita contra Jesus não estão sendo feitas hoje aos cristãos, igrejas e organizações mais progressistas?
O que significam as críticas cáusticas e desrespeitosas que ultimamente são dirigidas contra a CNBB e contra o Papa?
O que dizer das pessoas e grupos que se julgam superiores, mais puras e ortodoxas que o próprio Papa e a Conferência dos Bispos?
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