quinta-feira, 14 de março de 2024

O Evangelho de Jesus em nossa vida (288)

288 | Ano B | 4ª Semana da Quaresma | Sexta | João 7,1-30 

15/03/2024 

A proposta litúrgica e catequética do tempo quaresmal não obedece à sequência literária, nem ao progresso temporal dos textos do evangelho, mas a uma lógica temática, enfatizando o progresso na conversão pessoal, comunitária e social. O texto de hoje está localizado em plena ação apostólica de Jesus, num momento especialmente crítico. 

Estando na Galileia, Jesus é abordado pelos seus próprios familiares, que fazem pressão para que ele suba a Jerusalém e amplie sua influência sobre o povo. Isso revela que seus parentes esperam usufruir das vantagens de ter um familiar famoso. Este não é o projeto de Jesus, e nem seus familiares acreditam nele. 

Diante da recusa de Jesus, os parentes sobem sozinhos a Jerusalém para a festa das tendas, que faz memória da travessia do deserto. Jesus segue mais tarde, discreto e, ao mesmo tempo, absolutamente convicto de que o templo e suas instituições não tinham nada a dizer sobre os novos tempos do Reino de Deus que ele inaugurava com suas ações e anunciava com sua pregação. 

A discrição de Jesus, entretanto, não impede que sua presença seja percebida. E as pessoas se questionam sobre sua identidade e missão, já que ele não tem nada de especial que o identifique com o profeta esperado, a não ser suas ações de emancipação e libertação, aliás, radicalmente questionadas pelas lideranças religiosas. E se perguntavam por que as autoridades não o prendiam. 

Os cidadãos de Jerusalém, mergulhados na ideologia veiculada pelo templo e seus ministros, refutam a identidade messiânica de Jesus e afirmam que sabem de onde ele vem: seu sotaque denuncia que é galileu. Quanto ao messias, ninguém saberia de onde viria. Mas Jesus responde a eles com ironia e coragem: eles não sabem de onde virá o messias, nem conhecem aquele que o envia. 

Na verdade, Jesus questiona o saber usado como muro proteção contra as surpresas de Deus e como álibi para evitar a necessária conversão. Não podemos falar de Deus ou imaginá-lo passando ao largo de Jesus, seu filho amado e seu enviado autorizado. 

 

Meditação: 

  • Situe-se no coração do debate de Jesus com seus familiares e com os cidadãos da capital, lendo o texto inteiro (v. 1-30) 

  • Você conhece pessoas, grupos ou igrejas que “usam” o nome de Jesus para levar algum tipo de vantagem? 

  • Você é capaz de perceber o alcance político e social da pregação e da prática de Jesus, ou vê nele apenas um líder espiritualista? 

  • Você tem levado a sério Jesus (seu ensino e sua prática) para fazer uma ideia de Deus e falar dele? 

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