278 | Ano B | 3ª Semana da Quaresma
| Terça | Mateus 18,21-35
05/03/2024
Na meditação de
ontem vimos que Deus não está sujeito aos interesses e expectativas de pequenos
grupos, pois sua lógica é diferente: ele prioriza as pessoas e grupos sociais
mais necessitados, aqueles que não contam e não valem aos olhos de quem
controla o poder, aqueles/as que são “diferentes” e, por isso,
menosprezados/as. Cabe-nos fazer nossa essa compaixão sem fronteiras que Deus
nos revela em Jesus.
Hoje, neste
ensino inserido na quarta “cartilha de formação dos/as discípulos/as”, Jesus
sublinha a necessidade do perdão recíproco. Depois de ter falado sobre a
“pedagogia evangélica” para corrigir quem vive fora dos parâmetros do Reino de
Deus, Jesus é interrogado por Pedro, em nome dos discípulos, e responde com uma
parábola e uma declaração muito incisiva.
A atitude do rei
é sempre problemática, e ele não representa propriamente a ação de Deus, a não
ser em um único aspecto, que veremos mais tarde. O rei da parábola é igualzinho
aos demais, que age oprimindo os mais fracos. A compaixão e o perdão concedidos
ao escravo endividado “até o pescoço” não é incondicional nem definitivo, tanto
que foi logo revogado, e o escravo foi torturado impiedosamente. Nossa atenção
deve focar a atitude do escravo.
Este, tendo sido
perdoado e reestabelecido em sua dignidade e liberdade, mostra-se incapaz de
fazer o mesmo com seu companheiro, cuja dívida é infinitamente menor, age com
crueldade inesperada e acaba provocando a violência do rei, que estava
momentaneamente esquecida. Esta atitude do escravo perdoado, que mostra mais
autoridade e crueldade que o próprio rei, acaba desvelando a “fraqueza” do rei,
e é isso que o irrita e faz voltar atrás.
É apenas nisso –
na intolerância com a falta de reconciliação com os iguais – que Deus se
assemelha ao rei. Deus é pai, sua compaixão é eterna e seu perdão é
irrevogável, mas “perde a estribeira” quando seus filhos e filhas se mostram
incapazes de compaixão e perdão. Seu amor incondicional por nós tem
consequências! Numa situação de relações frágeis, o perdão é absolutamente
indispensável.
Meditação:
§ Leia
atentamente a descrição desse episódio, especialmente a parábola com a qual
Jesus ilustra seu ensino aos discípulos/as
§ Em que
exatamente a atitude permanente e fundamental de Deus Pai se assemelha ao
comportamento do rei?
§ Por que
nos custa tanto perdoar os outros/as? Será que nos falta consciência da
enormidade dos débitos que nos são perdoados?
§ Quem são
as pessoas a quem você deve pedir perdão, e quem são aquelas a quem você deve
perdoar hoje?
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