302 | Ano B | Semana Santa | Sexta | João
18,1-19,42
29/03/2024
Conhecemos bem as
tramas e traições que levaram à prisão e condenação de Jesus. São opções e
atitudes que revelam o mistério da iniquidade e sua força nas pessoas e nas
estruturas sociais, políticas e religiosas. É um processo que assume feições de
cinismo, como quando as autoridades religiosas, tendo decidido matar Jesus, não
entram no palácio para não se tornarem impuras.
Jesus não faz
nada para se defender. Ele tem consciência de que nasceu e veio ao mundo para
dar testemunho da verdade, para tornar digno de crédito o amor fiel de Deus
pelas pessoas negadas em sua dignidade. Fixemos o olhar neste personagem que
realiza em grau pleno a vocação de todo ser humano. Nele descobrimos que a pessoa
humana atinge sua plenitude quando não recua no propósito de dar a vida, quando
se faz solidário com todos os humanos.
O ser humano
maduro e liberto não é o ‘amigo de César’, nem a autoridade religiosa
indiferente ao sofrimento das pessoas, mas Aquele que transcende os interesses
individuais e se põe a serviço de Deus e do seu projeto. Por isso, do alto da
cruz, Jesus diz que, no seu corpo feito dom, a criação chega ao seu ápice:
“Tudo está consumado”. Nele Deus se supera no esvaziamento. Nele o ser humano
se faz dom e semente fecunda nas mãos de Deus.
Em Jesus
crucificado por amor buscamos forças para caminhar na fé e seguir o amigo e
servidor da humanidade. Do alto da cruz ele se dirige a Maria e lhe confia
João: “Mulher, eis aí teu filho” E, dirigindo-se ao discípulo, diz: “Eis aí tua
mãe” Aos pés da cruz nasce uma nova família, não mais limitada aos laços de
sangue ou de interesses mesquinhos, mas servidora de todos os humanos seres.
É por isso que
nesta santa sexta-feira a nossa oração se abre numa universalidade que deveria
estar presente em toda celebração autenticamente cristã. Diante de Jesus
crucificado, aprendemos que os muros e fronteiras religiosas, políticas,
econômicas e culturais não fazem o menor sentido e virarão ruínas. Pertencemos
à humanidade, temos um destino comum.
Meditação:
§ Leia atentamente, sem pressa e com todos os sentidos, palavra por
palavra, gesto por gesto, o caminho da cruz percorrido por Jesus
§ Não ceda à tentação de ficar refém da compaixão por Jesus ou na
revolta contra seus acusadores e torturadores
§ Observe as dificuldades dos discípulos em reconhecer Jesus e
permanecer com ele, especialmente Pedro e Judas
§ Siga com atenção a atitude do Discípulo Amado e de um pequeno grupo
de discípulas, que permanecem fielmente próximos de Jesus
§ Procure visualizar em Jesus o rosto de todas as pessoas que sofrem,
que são excluídas
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