285 | Ano B | 4ª Semana da Quaresma | Terça | João 5,1-16
12/03/2024
Segundo o evangelho de João, esta é a segunda vez que Jesus vai a Jerusalém, mas desta vez não se diz que ele foi ao templo. João também não diz qual era a festa que se celebrava. Mas isso não importa, porque Jesus relativiza tanto o templo como todas as festas religiosas promovidas nele. O templo não é o lugar da fé e da vida!
A piscina conhecida como casa da misericórdia não tem misericórdia nenhuma. É um retrato da multidão de gente excluída que se amontoa em Jerusalém. Somente os “puros”, os “bons” podem entrar no templo, e é o próprio templo que impõe a lei segundo a qual somente “os primeiros” seriam beneficiados com a esperada cura.
O homem paralisado há 38 anos é figura da imensa maioria do povo: excluída sem piedade do templo e suas festas. Nele não há lugar para a fé que liberta, mas vigora a competição que exclui e a perseguição que mata, como comprovará Jesus. Assim como o templo e suas festas não servem para nada, também a água da piscina, como a água do poço de Jacó, só consolida e aumenta a discriminação.
Jesus visita Jerusalém sem chamar a atenção sobre si, e nem sequer se apresenta à multidão excluída e ao homem paralisado. Ele também não dá a mínima importância para o templo e suas leis. Jesus sabe que as festas são ocasionais, e a exclusão é permanente. Sabe também que a Lei e o Templo não libertam ninguém, pois são os próprios causadores da prostração e da exclusão do povo.
Jesus não mergulha o paralítico na água, nem o manda se lançar na piscina. Ele ordena que se levante e caminhe por si mesmo, libertando-o das amarras e fardos da lei. A cama na qual estava preso é o símbolo da Lei! O homem, emancipado, não leva mais a Lei em conta.
Por isso, Jesus vai buscar (e não “encontrar”) o homem curado no templo. Ser libertado à margem da Lei e contra as regras do templo mas continuar submisso a elas significaria recair no pecado. Na Lei e no Templo ninguém encontra confirmação de sua liberdade e dignidade, mas apenas discriminação, perseguição e morte
Meditação:
Situe-se no interior da cena, observe a atitude de Jesus em meio à multidão que se acotovelava para conseguir “uma vaga” na água
Observe atentamente cada palavra que Jesus fala e cada gesto ou ação que ele executa, captando seu sentido profundo
Você consegue perceber como o episódio é uma denúncia forte contra o uso das leis e cultos para manter as pessoas dominadas?
O que a palavra e a prática de Jesus nos ensinam sobre o uso abusivo da religião para premiar alguns e submeter multidões?
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