domingo, 31 de março de 2024

A luz do Evangelho em nossa vida (305)

305 | Ano B | Oitava da Páscoa | Segunda | Mateus 28,8-15

01/04/2024

Crer na ressurreição de Jesus Cristo é mais uma tarefa que um ato de submissão ou concessão intelectual. Crer é caminhar, e crer em Jesus crucificado e ressuscitado significa percorrer com ele os caminhos do Reino de Deus, fazendo-se semente que não teme desfazer-se no ventre da terra, em gestos e sinais sempre frágeis mais infinitamente potentes e eloquentes.

Maria Madalena e “as outras marias” viram um anjo rolando a pedra que lacrava a sepultura de Jesus, em meio a um terremoto que derrubou os guardas, souberem que a sepultura não reteve Jesus e que ele caminhava à frente delas para a Galileia.  Mas já antes de fazerem o percurso de volta de onde haviam vindo seguindo Jesus, ele se manifesta e confere a elas um mandato apostólico: “Vão avisar meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Aí eles me verão”.

Em clara oposição a esta alvissareira notícia e percurso do centro à periferia, os guardas vão à chefia do templo. E lá selam a mentira que acompanhou todo o processo movido contra Jesus: a elite subornou os guardas para que divulgassem a falsa notícia segundo a qual Jesus continuava morto, mas seu corpo havia sido roubado pelos discípulos. Na verdade, a memória viva de Jesus havia “tomado corpo” na missão e no testemunho corajoso dos/as discípulos/as.

Aquelas duas mulheres madrugadoras haviam intuído os dois pilares fundamentais da fé em Jesus Cristo: ele não faz parte do clube dos mortos, eliminados e anulados pelos poderosos; ele se deixa encontrar nas periferias e nas fronteiras, onde a dominação assume mil formas e os sinais do Reino de Deus avançam discreta e irreversivelmente. Os/as discípulos/as de Jesus não se deixam intimidar e menos ainda derrotar pela execução patrocinada pelos poderes estabelecidos, enquanto estes tremem, mentem e subornam para não aceitar a reviravolta.

Mas contra tudo e contra todos, estas mulheres, sustentadas pelos sutis fios da esperança, confiam plenamente naquilo que ouvem, e se tornam alegres testemunhas, reúnem os discípulos e “refundam” a Igreja.

 Meditação:

·        Leia atentamente, sem pressa e com todos os sentidos, palavra por palavra, gesto por gesto, esta cena protagonizada pelas discípulas

·        Por que elas, os fios mais frágeis que tecem a rede social e eclesial, são as primeiras a saber, a ver e a anunciar a ressurreição?

·        Terá o corpo masculino da Igreja caído sob a influência dos “podres poderes”, esquecido a força criadora e desconfiado delas?

·        Como podemos resgatar hoje o papel essencial das mulheres no testemunho da ressurreição e na reconstrução da Igreja?

·        O que significa hoje afirmar que Jesus “vai à nossa frente” e poderemos vê-lo na Galileia, onde iniciara sua missão?


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