297 | Ano
B | Domingo de Ramos da Paixão | Marcos 11,1-10
24/03/2024
A entrada de
Jesus em Jerusalém não tem nada de triunfal. Vindo da Galileia, Jesus entra na
capital montado numa jumenta. Nada de cortejos de honra, de generais cobertos
de medalhas e de discursos de acolhida. Ele chega em Jerusalém caminhando à
frente de um pequeno grupo de discípulos/as.
O povo da capital
não o conhece e tem medo dele. Mas o pessoal que o acompanha desde a Galileia
ou que vive na periferia da capital o acolhe como o Messias esperado. “Bendito
o que vem em nome do Senhor”! Como o velho Simeão, essa gente reconhece naquele
homem o Enviado de Deus.
A pequena
multidão de pobres e estropiados aclama o despontar do Reino messiânico
inspirado em Davi e a chegada do líder enviado por Deus. Mas Jesus não realiza
as ações potentes que esta ideologia apregoava. Ele se apresenta como o Servo
paciente e ouvinte atento da Palavra. A Palavra de Jesus será apenas o dom
solidário de si mesmo na cruz.
Mas estes mesmos
discípulos/as que agora o acolhem como o Messias esperado, logo mais tarde eles
voltam atrás e o abandonam. Os gritos de ‘hosana’
darão lugar ao insolente e violento pedido ‘crucifica-o’,
fruto da frustração das expectativas e da manipulação interesseira das
autoridades políticas e religiosas de Jerusalém.
Mas isso não tem
força para fazer Jesus mudar seu rumo. Mesmo enfrentando um discernimento
difícil, e pedindo aos discípulos que vigassem com ele. Mas acabou preso,
abandonado pelos próprios discípulos, condenado e pregado na cruz. Para os
discípulos/as, sua condenação e morte na cruz foi a pedra que irrompeu no meio
do caminho.
As autoridades
desafiam Jesus a salvar a própria pele, e ele mesmo parece mergulhar num
turbilhão escuro: “Desde o meio-dia até as três horas da tarde houve escuridão
sobre toda a terra”. Mas acaba experimentando a consolação na radicalização do
dom de si mesmo. E é da boca de um pagão se ouve a palavra que faz brilhar uma
pequena luz na escuridão. “Ele era mesmo Filho de Deus”!
Meditação:
§ Depois de 40 dias de escuta atenta do Evangelho, podemos nos sentir
preparados para acompanhar Jesus nos seus últimos dias?
§ Pouco antes de chegar a Jerusalém, o evangelista nos apresenta a
figura de um cego que deseja unicamente ver as coisas como são
§ Será que continuamos a ver Jesus como alguém feito à nossa imagem e
semelhança, desligado das dores e angústias do povo, afeito a milagres...?
§ O que nos diz seu modo de entrar em Jerusalém, sem batedores nem
cortejos, sem carreatas e palanques, sem discursos elogiosos?
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