sexta-feira, 15 de março de 2024

O Evangelho de Jesus Cristo em nossa vida (289)

289 | Ano B | 4ª Semana da Quaresma | Sábado | João 7,40-53 2

16/03/2024 

O contexto existencial e social no qual se situa o episódio evangélico de hoje é especialmente difícil e conflituoso para Jesus. Seus parentes queriam que ele fosse a Jerusalém para se tornar famoso, indiferentes e resistentes ao caminho de despojamento e solidariedade que ele estava propondo e vivendo. O evangelista diz que nem sua própria família acreditava nele (c f. Jo 7,1-15). 

Jesus vai a Jerusalém para a Festa das Tendas, que celebrava a difícil e longa travessia do povo pelo deserto, fugindo da escravidão de Egito e buscando uma terra livre e partilhada. Mas vai meio sozinho, discretamente. Mesmo assim, sua fala chama a atenção. “Ninguém jamais falou como este homem”, dizem os policiais do templo, para escândalo dos fariseus. Mas as opiniões se dividem e contrapõem. 

A chefia do templo já havia decidido prender Jesus, mas até os guardas ficam impressionados ao ouvirem-no. E muita gente se pergunta se ele não seria o Profeta ou o Messias esperado. Mas o preconceito do povo da capital contra a gente da Galileia é uma catarata que os impede de ver. E esse preconceito se volta também contra os pobres e pouco letrados que se deixam atrair por Jesus. “Essa gente que não conhece a lei é maldita”, dizem os fariseus, ecoando o preconceito de todos. 

Sobra até para Nicodemos, que desfruta de uma posição de liderança entre os fariseus. Quando ele lembra aos seus pares que a lei que eles defendem e ensinam proíbe julgar alguém antes de ouvi-lo, é taxado de analfabeto em relação às escrituras e acusado de fazer parte da massa iludida por Jesus. Faltou dizer: “Você gosta dele? Vai com ele para Cuba ou Venezuela!” 

O preconceito sempre distorce a visão de quem se julga melhor e superior que os demais. O medo faz que vejamos demônios e terror por todo lado. A intolerância nos fecha no estreito círculo da “nossa verdade”, que geralmente não tem sustentação na realidade, e impossibilita a fraternidade e a conversão ao Evangelho de Jesus. Precisamos levar Jesus realmente a sério, pois ele revela nossa verdade e nos conduz à autêntica liberdade. 

 

Meditação: 

  • Escute com atenção as opiniões divergentes que diferentes grupos têm sobre ele, e note a intolerância e o fechamento ao diálogo 

  • Em que medida nossos preconceitos culturais e religiosos nos impedem de ver e reconhecer hoje a dignidade dos “diferentes” (migrantes, evangélicos, negros, indígenas, ateus, LGBTI+)? 

  • Será que o medo, o fechamento e o preconceito não estão levando alguns grupos religiosos a negar com suas práticas o Evangelho que anunciam com suas palavras? 

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